24 de outubro de 2011

Da plateia para o picadeiro


Além de tirá-los da rua, aula de circo promove a coordenação motora, a resistência física e dá mais disposição e alegria aos jovens da região Norte


Texto e fotos: PAULO MONTEIRO (matéria publicada originalmente pelo jornal Folha Norte: jornalfolhanorte.com.br).


Malabares com pinos e bolinhas, pirâmides humanas, saltos mortais sobre a cama elástica, entre outras acrobacias. Quem nunca se emocionou com os números circenses ou sonhou um dia estar no picadeiro? No centro esportivo do conjunto Maria Cecília, na Zona Norte, mesmo sem palco nem lona colorida para proteger os artistas, o projeto Circo Cidadão possibilita aos jovens da região conhecer as técnicas que antes só podiam acompanhar da plateia.


Um deles é o professor Luiz Gustavo Alves, 21, que há sete anos faz parte do projeto e hoje dirige a garotada. “Em primeiro lugar, o mais importante é afastá-los da violência das ruas. Em segundo, é que estes exercícios proporcionam maior resistência física, desenvolvem a coordenação motora e a concentração”, enfatiza ele, contando que os jovens se apresentam constantemente em eventos no município. “O que deixa o pessoal mais empolgado”, garante. Com uma extensa série de exercícios, entre malabares, jogos reacreativos, acrobacias individuais e em grupo, Luiz e a professora Nicole Felix, 18, coordenam cerca de 50 alunos por aula.


A aluna Heloisy Ingrid Ferreira, 11, que iniciou no Circo Cidadão há apenas duas semanas, está gostando da experiência. “É tudo muito legal, principalmente na hora das pirâmides, quando temos que subir uns nos outros.” A adolescente Gabriela Pinheiro, 15, afirma que os exercícios colaboram em todos os aspectos de sua vida. “Além de ter mais resistência física, aprendi a ter mais concentração e a trabalhar em grupo. No circo, um depende do outro para realizar os números”, revela Gabriela.


Gustavo Aquino, de 15 anos, não teve dúvidas quando sua mãe pediu que escolhesse entre um curso técnico e as

aulas de circo. Ficou com o picadeiro e desde 2006 participa das aulas, no Maria Cecília, e divide sua habilidade com outros alunos.


“Mesmo com a falta de dinheiro, nunca paramos”


O projeto Circo Cidadão ainda não pode oferecer atividades de trapézio aos alunos por falta de recursos para adquirir o. No entanto, o professor Luiz Gustavo Alves diz que estes exercícios poderiam ser realizados no ginásio do centro esportivo do conjunto Maria Cecília. “Estamos esperando há um bom tempo para utilizarmos o espaço, mas está passando por uma reforma e não sabemos quando será liberado. Enquanto isso, as aulas acontecem no campo de futebol e próximo às piscinas do clube.”


Luiz ainda acrescenta que, em algumas situações, as aulas acabam não acontecendo. “O problema é quando chove ou faz frio. Aí, ficamos impossibilitados de ensinar. Mesmo assim continuamos em frente. Afinal, durante todos esses anos, mesmo com a falta de recursos, nunca paramos.” Apesar das dificuldades, o professor demonstra disposição para continuar o trabalho e convida a garotada para fazer parte do grupo. “É só chegar aqui e participar. Trabalhamos com qualquer idade, mas recomendamos que a criança tenha mais de seis anos. As aulas são dadas às segundas e quartas-feiras, às 17h, e aos sábados, às 8h.O centro esportivo fica na Rua Luiz Brugin, 615.


Ex-ginastas deram as primeiras aulas


Segundo o professor Luiz Gustavo Alves, as aulas de circo tiveram início em 1998, na Região Norte, quando dois ex-ginastas, o coordenador Sérgio de Oliveira e um amigo chamado Rob Silva, criaram a trupe Aero Circus. Após alguns anos, jovens que participavam das oficinas criaram a Associação Londrinense de Circo (ALC) e, em 2004, a Escola de Circo de Londrina, hoje localizada na Avenida Higienópolis, 1849.



A escola tem como finalidade estimular o desenvolvimento da arte circense oferecendo os aspectos da tradição, iniciação à cultura circense, experimentações criativas e estudo da arte. Além disso, fornece condições para o artista produzir seu número com segurança e atuar profissionalmente na área.

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