24 de julho de 2011

Robinho precisa de cirurgia para andar

Ele, a mãe e mais três irmãos, que passam por diversas necessidades, ainda correm o risco de perder a casa a qualquer momento

Texto: Paulo Monteiro (matéria publicada originalmente pelo jornal Folha Norte: jornalfolhanorte.com.br)

Fotos: Walkiria Vieira


Sem trabalhar por causa de uma inflamação crônica nas mãos, a moradora do Jardim Paris (Zona Norte), Eliene Souza Santos e seus quatro filhos, sendo dois com deficiência, precisam de ajuda, principalmente Robinho, 12 anos, que teve má formação congênita e nasceu apenas com metade do pé esquerdo. Para se locomover sem auxílio de muletas, ele tem que fazer uma cirurgia de alongamento do fêmur e da tíbia. “Só quero poder caminhar um dia e participar das aulas de educação física”, deseja. Se não bastasse tanto sofrimento, segundo a mãe, o ex-marido está pedindo a casa.


Além do problema físico que acompanha Robinho desde o nascimento, uma escoliose na coluna tem deixado os seus movimentos ainda mais limitados nos últimos meses. “É por causa da força que ele faz apenas numa perna”, conta Eliene, acrescentando que o filho faz tratamento no Cismepar e sessões de fisioterapia e equoterapia. Ela acredita que a solução será a cirurgia, aguardada há dois anos. “Por isso eu peço que algum médico ajude a gente.”


Robinho é o mais velho dos irmãos e divide seus dias entre empinar pipas na rua e as aulas da 4ª série do ensino fundamental. “Gosto de estudar, mas fico triste na hora da educação física porque tento acompanhar os moleques da minha sala e não consigo. Fico só olhando os jogos e as brincadeiras”, explica ele, que perdeu dois anos na escola devido às várias internações e cirurgias por que passou.


O caçula quase não ouve


Samuel, quatro anos, é o filho mais novo de Eliene e também exige cuidados especiais, pois é deficiente auditivo. “Ele tem uma dobrinha a mais nos ouvidos e quase não escuta. O problema demorou para ser diagnosticado pelos médicos do ‘postinho’, que disseram que ele era uma criança preguiçosa e sem vontade de falar. Faz pouco tempo que ele disse as primeiras”, conta a mãe esperançosa com uma cirurgia marcada para corrigir a deficiência ainda este ano.


Fora a dificuldade de suprir as despesas familiares com R$ 645 mensais, entre o benefício de Robinho, vindos da Providência Social, e a pensão que recebe, Eliene ainda vive o drama de perder a casa onde mora para o ex-marido, que é pai de três dos seus quatro filhos. “Se isso acontecer, vamos morar na rua.”


Eliene só tem um parente em Londrina e, quando leva Robinho e Samuel às consultas e tratamentos médicos, recorre à vizinha para não deixar os outros filhos sozinhos. Roseli Panini está sempre por perto e destaca que o apoio é recíproco: “Ela também já me ajudou muito. Principalmente quando fui ter minha caçula e meu marido estava viajando”, reconhece a vizinha.


Serviço – Quem puder ajudar a família com doações da pomada Fibrase e do óleo Dersani ou até mesmo com uma cirurgia para Robinho, pode ligar no telefone de Eliene Souza Santos: 9162-2481, ou ir até sua casa na Rua Maria Lúcia Moreno, 123. Jardim Paris (Zona Norte).

17 de julho de 2011

Alunos do jardim Paraíso levam família para doar sangue


Além de salvar vidas, gesto ainda garantiu aos estudantes da Zona Norte uma nota extra no final do 1° semestre


Texto: Paulo Monteiro (matériapublicada originalmente pelo jornal Folha Norte: jornalfolhanorte.com.br) Foto: Walkiria Vieira

Além de ganharem 10 pontos na disciplina, os alunos do Colégio Behair Edna Mendonça, no jardim Paraíso, tiveram a oportunidade, na última terça-feira, de fazer a primeira doação de sangue. O Ministério da Saúde ampliou a faixa etária dos doadores, que pode ser de 16 anos, com o acompanhamento do responsável, até os 68 anos de idade. Os jovens que ainda não alcançaram o peso (50 kg) ou a idade mínima, levaram os pais, tios, irmãos e vizinhos para doação. A coleta foi feita pelo Hemocentro do Hospital Universitário (HU), que também fez no local o cadastro de doadores de medula óssea.

Aline dos Santos, 16 anos, é aluna do 1° ano do ensino médio e fez questão de convidar a mãe para ver sua primeira doação de sangue. “Não foi pela nota extra, sempre tive vontade. Além do mais, posso precisar dessa ajuda mais na frente, né.” Infelizmente, Aline não atingiu o peso mínimo e, pelo menos desta vez, não doou. No entanto, sua mãe, Eva de Lourdes Batista Ferreira, 40 anos, participou. “Só vim para acompanhar e acabei me sensibilizando com o gesto.” A mãe conta que, por medo de agulha, há sete anos não conseguiu fazer a doação para a própria irmã. “Ela havia perdido muito sangue na gravidez, mesmo assim não tive coragem de doar, mas graças a Deus, hoje eu consegui.”

O estudante Guilherme Martins Viol, 19 anos, não levou ninguém de sua casa, mas garantiu a sua participação. “O pessoal está todo ocupado, mas eu vou fazer a minha parte e doar.” Aprovando a idéia de ganhar uma ‘forcinha’ no final do semestre, ele prometeu que esta não será a sua última doação. “Além de ajudar alguém, ainda ganhei 10 pontinhos na matéria. É ótimo, não vejo a hora de fazer tudo de novo”, destacou.

Mais adultos aceitaram o convite dos alunos do colégio, como a auxiliar de cozinha Luciana Silveira, 34 anos. “Minha filha Caroline só tem 13 anos e por isso doei no lugar dela. É a primeira vez: não dói nada e é bem tranquilo. Vou fazer mais vezes”, prometeu.

O conferente de cargas Ademir Aparecido Ribeiro, 46 anos, também marcou presença. “Doo sangue há oito anos. Esse exemplo é muito bonito e quero mostrá-lo para a minha filha Juliana. Pena que não é todo mundo que pensa assim”, disse Ribeiro, aguardando a sua vez na fila. Já doando sangue estava a auxiliar de produção Maisa Cardoso Moreira, 26 anos. “Meu sobrinho, João Henrique, foi quem me chamou. Não pensei duas vezes.”

Coleta externa reforça

estoque do Hemocentro

A professora de biologia, Tatiana Bispo, foi uma das organizadoras da coleta seletiva no Colégio Behair Edna Mendonça e disse que esta foi a segunda vez que os alunos receberam a visita do Hemocentro. “Momentos assim servem para nós educadores interagirmos com a comunidade e alunos e, é claro, ressaltar a importância de salvar vidas com um simples gesto.” A professora ainda acrescentou que parte das doações é para uma moradora do jardim Paraíso que está com câncer. “Assim aproveitamos para ajudar uma pessoa da região”, destacou.

A técnica administrativa do Hemocentro, Rosane Higenberg, conta que a alteração do limite mínimo para os 16 anos, feita pelo Ministério da Saúde no dia 14 de junho, tem ampliado o estoque do banco de sangue da instituição. “As coletas externas também são de extrema importância e nelas ainda é possível aumentar nosso banco de cadastros de medula óssea”, relata a técnica, dizendo que o Hemocentro visita dezenas de locais durante a semana. “A quantidade de coletas varia bastante, depende do dia e do lugar.”

2 de julho de 2011

Jovens de Londrina têm que estudar em Cambé

Estudantes da Zona Oeste A caminham de 12km a 18km, na ida e volta de casa ao colégio, para cursar o ensino médio


Texto e fotos: Paulo Monteiro (matéria publicada originalmente pelo jornal Folha Norte: jornalfolhanorte.com.br)


Jovens dos bairros João Turquino, Avelino Vieira, Olímpico e Universitário, da Zona Oeste A, enfrentam diariamente uma média de 6 a 9 km para chegar à escola de ensino médio mais próxima: o Colégio Estadual 11 de Outubro, em Cambé. O sol quente, o frio, a chuva e a escuridão são alguns dos problemas enfrentados pelos adolescentes, que demonstram desânimo e cansaço por causa da distância de casa até a sala de aula. “Saio do colégio às 22h40 e, depois de uma hora de caminhada, agradeço a Deus por nada ter me acontecido no trajeto”, diz Ariadine Rodrigues, 16 anos, que optou por estudar à noite porque pretende trabalhar durante o dia.


Ariadine está no 1º ano do ensino médio, mora no conjunto João Turquino e sai de casa às 18h para não chegar atrasada à escola. ”Se demorarmos 10 minutinhos depois das 19h encontramos o portão fechado. Aí não adianta pedir. É só virar as costas e fazer todo o caminho de volta.” A carteirinha de estudante para o transporte de ônibus talvez fosse uma boa alternativa, mas segundo ela, “mesmo custando só a metade, fica difícil para a família pagar”.


Paola Stefani Costa, 17 anos, faz o mesmo percursopela manhã e revela já ter perdido vários colegas de classe devido à distância até o colégio. “Faz seis anos que estudo no 11 de Outubro e muitas pessoas desistiram de estudar por causa da lonjura. Isso poderia ser evitado se a gente tivesse ensino médio mais perto”, acredita a jovem.


O líder comunitário do conjunto João Turquino e presidente da Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF) da Escola Municipal Noêmia Garcia Malanga, no jardim Olímpico, Cícero Guilherme, diz que a carência por um colégio de ensino médio existe há muito tempo. “Essa situação se alastra por 16 anos. Já entregamos vários projetos a todas as autoridades da área de educação, inclusive nas mãos do ex-governador Requião, mas nada foi feito. É uma pena porque muitos jovens, ao invés da sala de aula, acabam indo para o caminho das drogas por causa da distância dos colégios.” Segundo Cícero, espaço é que não falta para a construção de novas salas de aula. “Um deles é um terreno público, com mais de 2 mil m², localizado na Rua Ginástica Olímpica”, mostra.


Na região, apenas a Escola Estadual Dr. Olavo Garcia Ferreira da Silva, no conjunto Avelino Vieira, atende as crianças até o término do ensino fundamental. “O problema é que ela só abre 400 vagas por ano e nossa demanda ultrapassa 800 crianças que deixam a Escola Municipal Noêmia Garcia Malanga, no jardim Olímpico. Só em 2010, por exemplo, tivemos uma evasão escolar de 300 alunos só nesta escola.”


Ao deixarem a escola municipal, se não desistirem, as crianças acabam matriculadas longe de casa. Amanda Venâncio Jordão, 13 anos, caminha cerca de 9 km por dia, do conjunto Universitário até o Colégio Estadual 11 de Outubro, em Cambé. “Minhas pernas doem demais. O pior é quando chego lá, aí fico desanimada só de pensar que tenho de voltar tudo de novo após a aula. Mas não posso parar, pelo menos até o final deste ano.” Fernando Souza Santos, 13 anos, também faz o trajeto e admite que às vezes troca a escola pela rua. “Quando o sol está muito quente ou o dia chuvoso é complicado. Eu prefiro ficar por aí jogando bola ou soltando pipa.”

 

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