27 de setembro de 2010

Região mais antiga de Londrina espera por ajuda



Moradores do Heimtal cobram mais atenção do município, as maiores queixas são para a saúde, o meio ambiente e a infraestrutura

Texto e fotos - PAULO MONTEIRO
(matéria publicada originalmente pelo jornal Folha Norte jornalfolhanorte.com.br).
Mais velho que a própria cidade de Londrina, o Heimtal, segundo os moradores, vem sendo deixado de lado pelas autoridades do município nos últimos anos. Atualmente, a região enfrenta problemas de estrutura que enfeiam, oferecem riscos a população e até contaminam nascente de córrego. Por isso, esperam por melhorias da prefeitura para oferecer mais qualidade de vida a seus habitantes de mais idade e aos jovens que desfrutam de poucas opções de lazer.

Importante na construção da cidade, o Heimtal teve a primeira igreja luterana, a primeira escola e o primeiro campo de futebol de Londrina, e para manter esses pontos históricos da região conservados, o presidente da associação de moradores do Heimtal, José Roberto Machado, luta por reformas próximas a esses locais. O primeiro problema apontado por ele é o grande buraco que se formou ao lado do campo de futebol, na rua Domingues Cantagalli, um ponto muito conhecido e frequentado pelos moradores da zona norte. “Uma hora vai cair uma criança, um idoso aqui dentro. Sem dizer que está comprometendo a calçada e o asfalto. Toda a água que entra no bueiro sai aqui do outro lado e aumenta o buraco.”

Ali mesmo, Machado mostra o zelo da comunidade que é responsável pelo campo de futebol do bairro, “o nosso gramado é mais conservado que o do Estádio do Café, mas em volta dele, que é responsabilidade da prefeitura, está tudo abandonado”, critica. O buraco, que inclusive está em frente a uma escola, fica muito próximo da calçada onde os moradores caminham e assistem jogos, a situação assusta a dona de casa Odete Aparecida da Silva, que evita passar pelo local, “aquela calçada está muito perigosa, eu acho que deveriam quebrá-la e refazê-la antes que aconteça algum acidente”.

E o problema não para por aí, próximo a Avenida Ludwig Ernest, que cruza o bairro, fica a praça mais velha de Londrina e, segundo o presidente da associação de moradores do Heimtal, nunca foi reformada completamente. Ele assegura que o primeiro contato com o prefeito, em relação a praça, foi ainda na administração de Luiz Eduardo Cheida (1993 e 1996).

Cansados de esperar, os moradores estão buscando apoio junto aos comerciantes da zona norte. “Eles podem ajudar doando areia, pedra, cimento, bancos, mudas de árvores, já que não aguardaremos mais a boa vontade da prefeitura. Vamos fazer um mutirão com os moradores para melhorar a praça mais velha da cidade”, anuncia Machado, que também sonhava com um centro comunitário. Apenas sonhava, “queríamos muito um centro comunitário, mas as dificuldades em consegui-lo são tantas que ficaremos satisfeitos com a reforma do salão da igreja, que está caindo de tão velho”.

Já foi feito asfalto no bairro e constantes melhorias
O Heimtal já está passando por melhorias e, em breve, terá reformas de alguns dos problemas apontados por Machado. Pelo menos foi o que disse o assessor de gabinete da secretária de obras, Agnaldo Rosa, que assegura já haver no local asfalto e constantes limpezas em vários pontos do bairro. Sobre o buraco ao lado do campo de futebol, ele explica que esse caso não é de hoje. “O problema que tem ao redor do campo de futebol é uma galeria por causa de uma erosão e já, inclusive, planejamos a obra. Aquilo é um problema que acontece há dez, 15 anos e o cidadão quer que resolva do dia para a noite”, conta.

Diante disso, Rosa explica que existe uma programação para o Heimtal e já ocorrem obras ao seu entorno que chegarão até o bairro. Ele também aponta algumas melhorias, “há anos atrás, por exemplo, nem asfalto tinha e foi feito. Realmente existe um problema ali, uma galeria que foi mal projetada no passado, mas já estamos atrás de recursos e já há uma programação para refazê-la”. Sobre a praça mais antiga da cidade o assessor não tem previsão alguma. “Não é apenas a praça do Heimtal, Londrina tem 550 praças e estamos buscando recuperá-las. Infelizmente não passo dar uma previsão porque dependemos de recursos públicos”, completa Agnaldo Rosa.

Segundo moradores, falta atenção a saúde e ao lazer
Uma das moradoras mais antigas do Heimtal, Nilda Cantagalli Strass já vivenciou e conhece muito bem os vários problemas desse bairro, já que reside nele desde a década de 1940. “Tem muitas coisas a serem feitas, uma delas é que o povo daqui precisa de mais lazer, assim, quando quiserem se divertir, não precisarão ir a outros lugares”, ela destaca os jovens, “esses não tem onde se reunir, a praça também está abandonada. Sem dizer que, quando querem praticar um esporte, eles acabam rebentando o alambrado que cerca a única quadra do bairro, mas isso só ocorre devido à falta de opções de lazer por aqui”.

Nilda ainda ressalta a falta de cuidado com a saúde da comunidade, “nós precisamos também de um posto de saúde. Para as pessoas daqui conseguirem uma consulta, por exemplo, elas ficam desde madrugada sem nenhum abrigo, tomam chuva e frio em frente à igreja, esperando o ônibus e muitas vezes não são atendidas”, explica.

O problema não é notado apenas por Nilda, a vizinha Odete Aparecida da Silva também critica a forma que a saúde dos moradores é tratada. “Deveria ser construído no Heimtal um posto de saúde. O doutor que deveria nos atender não trabalha, já faz 45 dias que o ônibus com o médico não aparece aqui. Preciso pegar uma receita, porque tomo remédio controlado, e não consigo”, relata a dona de casa.

Nascente de córrego está com os dias contados
Outra situação que preocupa alguns moradores do Heimtal é o risco que corre a nascente do córrego Mozart. Isso porque, construções de casas estão aumentando muito na região norte e avançando mata adentro. “Em breve será construído casas próximas a essa nascente, por isso, queremos uma proteção ao seu redor para que ela seja preservada”, diz o presidente da associação de moradores do Heimtal, José Roberto Machado.

Ele conta que a água da chuva escorre pelos assoreamentos e carrega os agrotóxicos usados nas plantações vizinhas até a nascente, “estão desmatando em volta dela, então o veneno usado nas lavouras e todo o lixo próximo vem até a nascente. A água que sai daqui é utilizada pelos agricultores das proximidades nas plantações e na alimentação dos animais. Muitos deles já dizem que a qualidade da água não é mais a mesma”.

Machado diz ter comunicado duas vezes a prefeitura sobre a nascente, mas nada foi feito. “Depois que começarem a jogar todo o lixo não adianta mais. Falam muito em meio ambiente, mas fazem muito pouco por ele. Logo estará tudo destruído”, lamenta machado.

O biólogo e coordenador de pesquisas da ONG Meio Ambiente Equilibrado (Mae), Marcelo Arasaki, explica como se forma uma nascente. “A nascente é um ponto de afloramento do lençol freático no terreno, e o lençol freático está acima do ponto onde se brota e acumula a água. Dessa forma, se estiverem usando agrotóxicos ou outro tipo de lixo próximo a esse local, ele será carregado junto à água e, através da gravidade, atingirá também a nascente do local.”

Diante disso, o biólogo acrescenta proporções de riscos ainda maiores à nascente do córrego Mozart, “como a água da nascente é utilizada ainda para a irrigação de alimentos e ingerida por animais, essa contaminação também os atingirá. E futuramente, por causa do assoreamento, o ambiente irá perder sua qualidade e faltará também a água utilizada pelos agricultores”, enfatiza Arasaki.

23 de setembro de 2010

Coordenadora luta pela independência dos deficientes


"Através do problema de meu filho que se tratava em São Paulo; percebi que havia outras mães aqui que passavam o mesmo que eu”

PAULO MONTEIRO

Superando os obstáculos e sempre na busca por uma vida mais digna ao deficiente físico, a coordenadora do Centro de Vida Independente de Londrina (CVI), Paola Joana Mas Ortiz, aponta os problemas enfrentados pelos deficientes físicos e a sua luta para que eles tenham uma vida independente.

Paola conta como se envolveu com a causa. “Foi através do problema de meu filho Éricson Davis Ortiz que se tratava em São Paulo. Percebi que havia outras mães aqui que passavam o mesmo que eu, então resolvi trazer os tratamentos de São Paulo para Londrina”. Mãe de mais três filhos, ela abre as portas de sua residência para outras pessoas. “Os portadores de deficiência vêm a minha casa, que serve de centro de educação. Aqui aprendem o básico: como tomar banho, se vestir, a fazer o translado da cadeira para cama e da cama para a cadeira. A pessoa só vai embora quando aprende tudo isso. Nosso trabalho é essencial porque a maioria das famílias não estão preparadas para lidar com um ente deficiente”, explica a coordenadora.

Um dos problemas apontados pela coordenadora é a falta acessibilidade da avenida Saul Elkind, Paola diz que começaram algumas obras em frente ao terminal do conjunto Vivi Xavier. “Já instalaram rampas de acessibilidade no canteiro. O problema é o desnível do local, não adianta somente fazer as rampas, mas sim de um planejamento melhor. Eles não chamam as entidades envolvidas com o deficiente físico para acompanhar as obras, nem o Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná) para saberem como deve ser feito”. Rampas de acessibilidades mal projetadas só aumentam os riscos aos acidentes.

Além das rampas, Paola explica que as calçadas devem ter o piso tátil e sem nenhum meio que possa atrapalhar ou ferir o deficiente físico. Além das calçadas, a avenida Saul Elkind dificilmente possui vagas de automóveis para os deficientes. E, quando possui, os centros comerciais não cobram dos motoristas que desocupem a vaga do deficiente físico.
Paola alerta que, devido à violência da criminalidade e do trânsito, o número de deficientes físicos no município de Londrina só tem aumentado. “Precisamos de uma maior mobilização da sociedade. Se não tivermos uma melhor condição das vias urbanas, por exemplo, esse número só vai aumentar”. Paola ainda ressalta a falta de respeito da sociedade com as pessoas deficientes, “os homens, por causa da correria do dia a dia, se esquecem que o deficiente é um ser humano. Somos todos iguais”.

O estudante Éricson Davis Ortiz se arrisca em uma cadeira de rodas pela avenida Saul Elkind. Além disso, divide sua rotina entre o colégio e o basquete. Deficiente físico desde o nascimento por causa de Má formação congênita, o jovem tenta levar uma vida como qualquer outra pessoa de sua idade. Buscando sempre a independência para se locomover, muitas vezes precisa de ajuda quando transita pela avenida Saul Elkind. “Principalmente nas calçadas, faltam as rampas de acessibilidade. Quando tem acessibilidade, há buracos na calçada que parecem mais uma cratera. A situação das calçadas aqui é igual a quem anda no calçadão: cada passo, um tombo”, brinca Ortiz.

No passado as calçadas de Londrina foram planejadas sem a acessibilidade
O responsável pela secretaria Especial de Acessibilidade a Pessoa com Deficiência, José Giuliangeli de Castro, destaca as obras iniciadas em frente ao terminal do conjunto Vivi Xavier e diz que a intenção da prefeitura é fazer as obras de acessibilidade em toda a avenida Saul Elkind. “Em frente ao terminal do Vivi Xavier foi iniciada uma obra de rebaixamento de guias e posicionamento de transposição de canteiro”. Por ser apenas uma pequena parte da avenida, o secretário acredita que as obras serão estendidas, “se não existir nenhum projeto para outras regiões da avenida, eu levarei essa discussão junto ao prefeito Barbosa Neto. A intenção dele é fazer a acessibilidade em toda a Saul Elkind. Vamos identificar os pontos mais críticos da avenida, conversar com as autoridades da área de planejamento e desenvolver projetos”.

Sobre as rampas já feitas que, ao invés de ajudar o deficiente físico, muitas vezes oferecem ainda mais riscos, Castro diz que as empreiteiras que executam esse serviço não têm a noção perfeita de uma inclinação de rampa. “Outro problema, é que no passado as calçadas de muitas regiões do município de Londrina foram planejadas sem a acessibilidade. Hoje em dia, todas as novas construções são feitas nos padrões acessível ao deficiente físico”, explica.

As calçadas mal estruturadas e esburacadas da avenida se tornaram um grande obstáculo para os deficientes físicos, segundo o secretário, a responsabilidade de consertá-las é dos proprietários, porém, cabe ao governo municipal fiscalizá-las.

Ecopontos beneficiam principalmente a periferia


Londrina tem cerca de 30 mil terrenos baldios espalhados pelas regiões da cidade. A maioria se concentra na periferia e são alvos de descargas de entulhos e podas uma árvore

NEREU PEREIRA
matéria publicada originalmente pelo webjornal Comtexto)
Uma das áreas mais beneficiadas com os ecopontos é periferia de Londrina. As reformas são, na maioria das vezes, feitas pelos próprios moradores e terrenos baldios ou fundos de vale se tornam depósitos para o descarte incorreto. Aliado a isso está uma determinação da Promotoria do Meio Ambiente que proíbe que galhos sejam despejados na Fazenda Refúgio, antigo local usado para descartar o material.

Londrina tem hoje cerca de 30 mil terrenos baldios particulares espalhados nas quatro regiões da cidade. Em sua maioria se concentram na periferia e são o principal alvo de quem faz pequenas reformas ou poda uma árvore. A falta de fiscalização é o principal motivo para que moradores pratiquem esse delito, já que é proibido pelo Código de Posturas do Município. Londrina conta com menos de dez fiscais para fiscalizar a situação, além de aplicar multa a proprietários de terrenos com mato alto. O que agrava ainda mais a situação é que o flagrante do delito que precisa ser configurado para que o fiscal possa multar o infrator.

Depois que a Fazenda Refúfgio não pôde mais ser utilizada para os descarte, quem passou a ser responsável por receber e tratar esse tipo de resíduo foi a Kurica Ambiental, empresa privada que cobra uma taxa de R$ 45,00 por caçamba. A caçamba pequena, que antes custava R$ 70,00 para quem contrata o serviço passou para cerca de R$ 120,00. A reportagem pesquisou várias empresas que prestam o mesmo tipo de serviço e descobriu que o valor praticado é o mesmo, o que caracteriza alinhamento de preços.

Com a mudança desse valor gerou impacto no orçamento de reformas de várias pessoas. A atendente Michele Antunes de Lima é uma delas. "Antes eu fazia uma pequena reforma e com R$ 50,00 estava livre do lixo gerado. Hoje esse valor dobrou, o que impossibilita dar o destino correto." Segundo ela, os ecopontos vieram para livrar os bairros dos despejos irregulares.


Lideranças e trabalhadores apóiam o projeto
Os ecopontos são um projeto experimental de Londrina e vão passar por uma regulamentação por parte do poder público. Mesmo com pouco tempo de implantação, lideranças e trabalhadores já comemoram o aumento de serviço e a diminuição do despejo de lixo em áreas irregulares. Paralelamente a isso está a população disposta a fiscalizar mais e a denunciar os infratores que burlarem a lei.

Milton Pereira preside uma ONG que faz capina em terrenos na cidade, muitas vezes, se deparou com o preço para a retirada dos resíduos maior que o valor da própria mão-de-obra. "Um pequeno jardim ou poda de uma árvore que acumulava pouco lixo inviabilizava a execução do serviço devido ao preço do frete e à taxa cobrada para descarregar o material."

Conforme Pereira, quando a quantidade de resíduos é grande vale a pena levar o material até a Kurica, mas pequenas quantidades não compensam devido ao preço. "O ecoponto resolveu esse problema", afirmou o presidente da ONG.

O carroceiro Marcos da Silva disse que há muitos anos vive desse tipo de trabalho e que só agora está tendo mais respeito pelo que faz. "Antes as pessoas tinham medo de contratar o serviço por falta de um local apropriado para descarregar. A gente tinha que jogar o capim em um local onde não tivesse morador por perto senão ele reclamava." Silva não quis revelar, mas comemora um aumento na renda e na quantidade de serviço prestado. Ele faz, em média, o transporte de cinco cargas de entulho por dia.

Para o presidente da Associação de moradores do Avelino Vieira, na região oeste, Rodrigo Cestalio Pelegrine, o projeto veio para estimular a população a dar uma nova cara para a cidade. "Antes não tinha como denunciar um morador pelo despejo em local irregular. A gente sabe que o ganho dele não é aquelas coisas e existem outras necessidades mais urgentes na família."

Agora com a marcação de um local especifico, ele orientou a comunidade a fazer o despejo no local correto e disse que aguarda a criação de um ecoponto nas imediações de seu bairro.
(matéria publicada originalmente pelo jornal Comtexto www.unopar.br/comtexto)

Movimento popular discute “Agenda 21”


Para lideranças, salvação do planeta é possível com a união do governo e da sociedade, mas há questionamento dos municípios
NEREU PEREIRA
No seminário estadual "A Agenda 21 no Movimento Popular", realizado no início em 2009 Curitiba (PR), foram abordados temas que cobram maior responsabilidade do governo e da sociedade civil em relação ao meio ambiente. O propósito do encontro foi repensar a relação do homem com a natureza e consigo mesmo, para construir um futuro melhor para todos. O evento teve a participação de representantes do governo estadual, lideranças comunitárias e professores universitários. A Agenda 21 é um documento assinado pelos 179 países que participaram da Eco Rio 92, em 1992, no Rio de Janeiro.

O Governo do Estado, por meio do decreto 4.281/02, determina que todas as disciplinas da grade curricular das escolas tenham vinculo com as questões ambientais. Ainda assim, a maior parte dos municípios está pendente em relação à aplicação do conteúdo em sala de aula. É o que percebe a professora de Geografia Marinalva Cardoso, que atua em uma diretoria da Secretaria Estadual de Educação. Ela participou de um encontro de formação em Faxinal do Céu e relatou dados preocupantes. "98% dos participantes, a grande maioria que exerce cargos que têm vinculo direto com questões ambientais não conheciam a Agenda 21", disse.

Para a socióloga e coordenadora da Agenda 21 no Estado, Shirle Margaret dos Reis Branco, o projeto sairá definitivamente do papel se governo e sociedade atuarem em conjunto. Para ela, a participação do movimento popular nas questões ambientais, é muito importante porque vários outros segmentos já estão se organizando. "Nós vemos as universidades tendo um trabalho muito interessante, os empresários também discutem, em breve lançarão um documento", afirmou. "Temos que reservar para as futuras gerações, as condições de um patrimônio que está se degradando, se destruindo. Temos que dar um basta nisso."

Valdir Donizete de Morais, presidente estadual da Central de Movimentos Populares (CMP), relatou que o encontro foi motivado para sensibilizar os movimentos quanto às diretrizes da "Agenda 21" no Paraná. "Eu, enquanto representante do projeto no Conselho Estadual de Saúde, senti a não participação dos grupos nas questões pertinentes ao meio ambiente, até mesmo pelas dificuldades de locomoção e tempo", comentou. "Mas a gente precisa rearticular o movimento popular. O capitulo 27 da agenda reforça a participação das instituições não-governamentais. Os projetos têm a cara de quem constrói. Se não participarmos dessa construção não terá a nossa cara."

Pacto 21 Universitário ainda não decolou
Apesar de pouco conhecido pela sociedade, existe no Paraná um pacto universitário. Criado em 2 de outubro de 2007, é um documento assinado pelo governador do Estado, Roberto Requião; pela então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; pela coordenação da "Agenda 21" brasileira e representantes do fórum estadual e dirigente de instituições de ensino superior. O documento prevê a elaboração e implementação dos seminários de "Agenda 21" nas universidades, levando o debate para dentro das faculdades.

Entre escolas públicas e particulares, no Parará, existem 172 instituições de ensino superior. Deste total apenas 13 assinaram o pacto. Desde 2007, mais quatro instituições se juntaram ao pacto.

Segundo a professora da Faculdade Evangélica de Curitiba, Bethânia Cristiane Herrmann, o Pacto Universitário da Agenda 21 do Paraná é formado como outro qualquer, com representantes de vários movimentos, seja ele popular ou científico. Para ela, os universitários têm uma força muito grande. "Eles são os grandes profissionais do amanhã e garantem esse ensino que estão buscando na universidade", comentou.

A preocupação da professora é com os profissionais do futuro e com a formação deles mesmos, porque a degradação do planeta cresce a cada instante e são milhares de novos graduandos, que recebem um diploma todos os anos. "Precisamos formar profissionais capacitados e antenados com a questão global que é a Agenda 21."

O capítulo 31 do texto da "Agenda 21" argumenta que a comunidade cientifica, tecnológica e os formuladores de políticas públicas devem aumentar sua interação, a fim de programar estratégias de desenvolvimento sustentável. Com isso, chama atenção a necessidade de programar as ações pesquisadas e as descobertas tendem a ser aprimoradas quando colocadas em práticas.

Nesse aspecto, a coordenadora da "Agenda 21" no Paraná, Shirle Margaret dos Reis, orienta o movimento popular a fazer parceria com os projetos de extensão universitária.

Solução depende de consciência ambiental
A relação entre associações comunitárias e a "Agenda 21" é bastante ampla em vista da maioria dos problemas ambientais, como a ocupação de fundo de vale, o acúmulo de lixo em terrenos baldios, a erradicação de árvores sem necessidades e a reciclagem de lixo. Tudo depende da conscientização das pessoas, para a mudança de postura.

Segundo o capítulo 4.3 da "Agenda 21", a pobreza e a degradação do meio ambiente estão estreitamente relacionadas. Enquanto a pobreza tem como resultado determinados tipos de pressão ambiental. As principais causas da deterioração ininterrupta do meio ambiente mundial são os padrões insustentáveis de consumo e produção. Para criar uma nova visão do meio ambiente nas salas de aula, a professora de Geografia Marinalva Cardoso ressalta que a Secretaria Estadual de Educação desenvolveu uma cartilha para subsidiar os professores nas questões ambientais.

A reciclagem de lixo, por exemplo, é uma fonte importante de renda. Dados da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização de Londrina (CMTU) mostram que cerca de 500 famílias estão organizadas em ONGS e vivem da coleta de lixo reciclável na cidade. Este projeto além de gerar emprego e renda, dá nova vida ao aterro municipal e evita que recursos naturais sejam extraídos do solo para confecção dos mesmos materiais.

O papel é responsável por quase 40% do lixo urbano e grande parte é abandonado nas praças e terrenos baldios. Toneladas são recolhidas por catadores de rua todos os rias e isso evita que 15 a 20 árvores sejam derrubadas. Uma árvore pode pulverizar a atmosfera durante a noite com até 10 litros de água, diminuindo o aquecimento dos artefatos de cimento. "O planeta está sendo destruído, temos que dar um basta nisso", argumentou Shirle Margaret dos Reis Branco, coordenadora da "Agenda 21" no Paraná.
(matéria publicada originalmente pelo jornal Comtexto www.unopar.br/comtexto)

21 de setembro de 2010

Sabbi completa 42 anos de trabalho a comunidade






Há quatro décadas lutando por uma vida melhor aos londrinenses da região oeste, associação é elogiada pelos moradores

NEREU PEREIRA
(FOTO: IVAN NISHI)
A associação de moradores do jardim bandeirantes e bairros circunvizinhos (Sabbi) completou 42 anos no mês de julho de 2010. Com a missão de fazer à articulação política, para atender as reivindicações dos moradores, a entidade tem pela primeira vez em sua história, uma mulher no comando e um dos mais importantes documentos do estado paranaense, o título de Utilidade Pública Estadual.

A presidente da Sabbi, Silvia Brasão, assumiu o cargo em 2008, substituindo seu pai, Antonio Brasão, e dando continuidade nos trabalhos com um olhar feminino no projeto de desenvolvimento da região. Ela aponta as benfeitorias que o bairro está recebendo, como uma vitória na luta travada com o poder público que, após muita conversa, atendeu o pedido dos moradores. “Há muito tempo a gente não via o bairro como esta hoje, com as ruas sendo recapeados, os bancos da praça reformados e a unidade de saúde avançada que, em breve, será construída próxima do bairro”, diz a presidente.

Toda entidade que almeje desenvolver projetos sociais, para assim atender sua localidade, precisa captar recursos ao estado, e para isso, necessitasse o Título de Utilidade Pública, documento que o legislativo oferece como forma de projeto de lei às entidades sem fins lucrativos. Atendendo a um pedido da presidente Silvia, o Deputado estadual Luiz Eduardo Cheida deu esse título para Sabbi. Ele diz que cumpriu sua missão como deputado, “conheço bem a região, tenho muitos amigos lá e fiz minha parte como parlamentar. Sempre estarei ao lado dos moradores quando precisarem de mim”, comenta. Segundo Silvia, após o prêmio, vai ficar mais fácil desenvolver os projetos. A aposentada Eda de Oliveira Pontes, 63 anos, moradora a 25 anos do jardim bandeirantes, acha muito importante sua atuação, principalmente, nas oficinas que são desenvolvidas com os idosos, como as de atividades físicas. “Não participo porque não tenho tempo, mas todos daqui vão e se divertem muito.”

Marcelo Américo, que reside a 21 anos no mesmo bairro, apesar de não participar das discussões junto à entidade, acha que a atuação da Sabbi é algo necessário, principalmente nas questões ligadas a saúde, onde, segundo ele, é essencial. Ele elogia a reforma da quadra poliesportiva, “a quadra ficou muito bonita, agora só falta dar uma melhoradinha na iluminação”, acrescenta o jovem.

Fundada em 1968, a Sabbi tem desenvolvido oficinas de atividades físicas, promoções, além de buscar, através de projetos, a conscientização e participação da população. Dessa forma, a entidade busca chegar aos órgãos públicos suas reivindicações e, na sequencia, a solução de seus problemas.
 

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