22 de novembro de 2010

Manifestações afro-brasileiras resistem aos preconceitos




Por meio do candomblé, umbanda e capoeira, afrodescendentes buscam mais respeito e igualdade

Texto e fotos - PAULO MONTEIRO (matéria publicada originalmente pelo jornal Folha Norte: jornalfolhanorte.com.br)

De todas as manifestações culturais e religiosas, as africanas são as que mais sofrem preconceito no Brasil. Capoeira, Candomblé, umbanda e batuque são alguns exemplos. Por meio delas, os afrodescendentes buscam respeito e igualdade. O dia da Consciência Negra foi celebrado no sábado, 20 de novembro, e pela primeira vez será feriado em Londrina.

Para o professor de sociologia, Wilson Sanches, a resistência da sociedade em aceitar as culturas afro-brasileiras é histórica. “Os negros chegaram na posição de escravos e não eram considerados gente. Suas religiões eram tidas como seitas”, afirma o professor.

Segundo Sanches, por estarem acostumadas com a cultura européia e a hegemonia do cristianismo, as pessoas tratavam a cultura afro como anticultura e antireligião. “Isso levou essas religiões a serem praticadas nos guetos e periferias. E a sociedade não quer que elas saiam, fazendo com que continuem sendo uma antireligião e uma anticultura”, explica o professor.

Um exemplo vivo da resistência é dona Vilma dos Santos, ou Ya Mukumby, que há 42 anos se tornou sacerdote de candomblé (religião trazida da África, desenvolvida, popularizada e praticada principalmente no Brasil). É no seu terreiro Ylê Axé Ogum Mege, que ela tenta conservar e manter a cultura afro-brasileira.

Dona Vilma também trabalha como o samba de senzala e de roda, além de projetos comunitários como danças étnicas, artesanato, capoeira e percussão. “Quando vejo os negros e os índios indo para as igrejas evangélicas, percebo que a nossa cultura está morrendo, declara. “Isso acontece porque certas instituições religiosas difamam as religiões afro-brasileiras”, complementa.

Para Ya Mukumby, antes de valorizar as culturas estrangeiras, seria importante que as pessoas conhecessem os fundamentos das culturas afro e indígena, sua história, cores, comidas, roupas, danças e ritmos. Ela pede uma melhor reflexão da sociedade sobre o assunto.
“Quando eu falo de cultura, falo também de religião, e a única religião nascida dentro do Brasil é a Umbanda (cultura religiosa do Brasil que sincretiza vários elementos, inclusive de outras religiões como as afro-brasileiras, o catolicismo e o espiritismo). No entanto, os brasileiros ignoram as suas religiões e vão cultuar as religiões que aparecem a cada cinco minutos”, critica.

“Negros são exterminados ainda na adolescência”
”Quando falamos em igualdade, estamos falando também em oportunidades.” A declaração é de Maria de Fátima Beraldo, gestora do Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial de Londrina. Ela explica que o objetivo do conselho é de incluir e oportunizar, defendendo cotas e políticas de saúde específicas.

Segundo Fátima, o órgão também busca capacitar as pessoas para que se organizem enquanto sacerdotes das religiões afro-brasileiras. Ela destaca a existência de um plano municipal para que a sociedade respeite esses sacerdotes como em qualquer outra religião. “Os hospitais não permitem que os sacerdotes de religiões africanas façam o atendimento espiritual ao paciente de sua religião, diferentemente do pastor e do padre que podem visitar os pacientes freqüentadores de suas igrejas”, critica.

A gestora diz que uma das prioridades do município é a implementação da lei federal 10.639, que torna obrigatório aos estabelecimentos de ensino fundamental e médio o ensino sobre a história e a cultura afro-brasileiras.

Além disso, o conselho quer discutir em seminário ainda neste ano a violência e o extermínio da juventude negra. “Esta é uma situação crucial no Brasil e em Londrina, já que estamos perdendo jovens negros antes dos 16 anos”, lamenta Fátima.

Ela afirma que a raça negra está sendo destruída. “Nós sabemos que é mesmo uma situação de extermínio. Como é que você extermina uma raça? Exterminam o negro no seu potencial de reprodução. Então não teremos novos negros, nossos homens negros estão sendo exterminados ainda na adolescência. Isso acontece de forma determinada e é comprovado através de estudos e dados”, diz ela, referindo-se ao Mapa da Violência no Brasil, que denuncia esta situação.

Fátima salienta que ainda há muito preconceito e hostilidade contra as culturas africanas. O preconceito, segundo ela, muitas vezes vem do próprio Estado. Um exemplo seriam os ataques às religiões afro-brasileiras, como o que ocorreu em junho em Jaraguá do Sul (SC), quando um centro de candomblé foi invadido pela polícia sem mandado judicial.
Segundo Fátima, Londrina é o primeiro município do Paraná a decretar feriado no Dia da Consciência Negra.

11 de novembro de 2010

Reciclando para gerar conhecimento


ONG que recicla material de informática já destinou centenas de computadores a instituições filantrópicas de Londrina e região

Texto e fotos - PAULO MONTEIRO (matéria publicada originalmente pelo jornal Folha Norte jornalfolhanorte.com.br)
Há três anos trabalhando com reciclagem de componentes eletrônicos, a organização não governamental E-Lixo também concerta computadores e já encaminhou 400 deles para a Epesmel, Apae e Guarda Mirim. Além disso, presta assistência técnica a essas instituições e ajuda na inclusão digital e na capacitação técnica de seus alunos carentes.

A ONG E-lixo possui um galpão onde é estocado uma grande quantidade de material eletrônico, em sua maioria, peças usadas de informática. “Recebemos de 12 a 16 toneladas por mês, desse material, 80 % são reaproveitados”, aponta o coordenador Paulo Costa. Apesar da grande variedade de lixo eletrônico recebido pela ONG, nem todos os materiais são reaproveitados, “trabalhamos com quase todos os tipos de material eletrônico, menos as pilhas e as lâmpadas fluorescente porque a licença ambiental que possuímos não nos permite”, explica ele.

Apesar do trabalho dedicado as instituições filantrópicas, a ONG E-Lixo não recebe nenhum apoio financeiro governamental e, segundo Costa, de forma sustentável, busca angariar fundos por si só. “Oito famílias dependem do trabalho da ONG. Toda a nossa renda vem dos materiais que vendemos daqui, como o cobre, o ferro, o alumínio”, exemplifica.

Responsável pelo concerto dos computadores da ONG, o jovem técnico em informática Mike de Oliveira diz que o emprego lhe deu a oportunidade de praticar o seu conhecimento adquirido anteriormente em um curso. “Fiz um curso no Senac de manutenção e configuração de computadores, com isso, a partir da oportunidade da ONG, posso praticar e desenvolver o meu conhecimento profissional”, conta.

A cada dia ele diz funcionar de cinco a oito computadores, entre tantos, Mike aponta o principal problema deles e explica ainda como é feita a manutenção, “o maior problema nos computadores que chegam é na placa mãe do equipamento. Na maioria das vezes estão queimadas. E assim descartamos um componente aqui, outro ali, e a aproveitamos os melhores para montar outra máquina para a doação”.

Computadores atendem grande número de alunos na Epesmel
O diretor de ensino da Escola Profissional e Social do Menor de Londrina (Epesmel), padre Alfredo Marines, afirma que os computadores doados pela ONG E-Lixo são importantes devido à grande demanda de alunos da instituição. Segundo ele, os computadores são usados nos cursos de editoração gráfica, eletro-técnica, confecção industrial e montagem de computadores. Divididos em três laboratórios, atendem 520 alunos.

“Os computadores são de boa qualidade e comportam a nossa necessidade. A grande maioria dos jovens tem o seu primeiro contato com um computador aqui na Epesmel”, destaca Marines. Os estudantes da escola também aprendem a concertar computadores e reutilizar outros componentes eletrônicos. “Já foram concertados 10 computadores pelos nossos alunos, a montagem e desmontagem dos computadores ajudam também no raciocínio deles. Além dos computadores são reutilizados outros eletroeletrônicos, essas peças servem para desenvolver também o nosso curso de robótica”, relata o diretor de ensino.

O aluno Maicon Douglas de Souza comenta que os laboratórios de informática da Epesmel são compostos por novos e velhos computadores, ele ressalta o conhecimento adquirido e qualifica os equipamentos, “os computadores doados são bons e têm nos ajudado bastante no aprendizado. Nossa aula aqui é 100 % prática e os alunos são bem interessados. Também aprendemos a fazer a reciclagem de um micro-computador e botá-los para funcionar novamente. Isso desenvolve o nosso conhecimento e oferece os equipamentos a outros alunos”, acrescenta Souza.

Nem Todos os materiais de informática são recicláveis
Se o computador, impressora ou outro aparelho eletrônico já não tem utilidade para você, encaminhe-o a ONG E-Lixo. Mas atenção, antes de destinar o seu material eletrônico à ONG, é necessário fazer um contato prévio, já que, segundo o coordenar Paulo Costa, nem todos os materiais são reciclados por eles. “Fazemos a separação e reutilizamos grande parte dos componentes eletrônicos, mas do monitor, por exemplo, aproveitamos apenas o cobre e o alumínio, já o plástico e o vidro são destinados a uma empresa especializada”, explica Costa. A ONG E-Lixo fica na rua Ermelindo Leão, 385, parque Bom Retiro, Londrina. Telefone 3339-0475.

8 de novembro de 2010

Praça Santo Antônio (jd. Bandeirantes) ganha reforma


Depois de anos sem manutenção, o local hoje é frequentado por pessoas de várias idades e é usada inclusive para a prática de esportes

PAULO MONTEIRO

Infelizmente, tais costumes negativos parecem ser da própria cultura social. Isso porque, não é difícil encontrar em qualquer cidade do país a depredação, o vandalismo e a falta de manutenção de espaços públicos. Esses problemas também foram enfrentados pelos moradores do jardim Bandeirantes em Londrina, mas graças à luta da própria comunidade e ao apoio de uma empresa estatal tiveram a reforma da Praça Santo Antônio.

Falta de iluminação, apedrejamento das luminárias, destruição dos bancos e falta de segurança. Essas eram as principais queixas dos vizinhos e freqüentadores de uma praça no jardim Bandeirantes, localizada em frente à paróquia Santo Antônio, entre as ruas Serra do Frade e Serra de Bendegó. Dona de um comércio em frente à praça e moradora da região há 43 anos, Denilda Almeida relembra que o local não passava por uma reforma há cinco anos e que a única manutenção feita eram pequenos cortes nos galhos das arvores.

Após a reforma, ela diz que costuma caminhar pelo local antes e depois da missa, “acabou se tornando um ponto de encontro, eu costumo freqüentá-la sempre que vou à igreja. Nos fins de semana o local fica cheio de jovens e idosos”, conta Denilda.

A praça também serve para a prática de esportes, um exemplo disso é Douglas Henrique, 16 anos, “venho com o meu irmão diariamente treinar futebol americano. Hoje o local está bem cuidado, o mato é cortado com freqüência. Gosto também de namorar por aqui”.

Já o padre da paróquia Santo Antônio, Sebastião Tavares, diz que a praça está muito bonita, mas ainda é preciso melhorá-la. “Ainda falta segurança, não só na praça, mas também em todo o bairro. Precisa de mais segurança porque está praça virou um ponto de drogas”.

O padre ressalta que a melhoria na praça só ocorreu graças ao apelo da Associação de Moradores dos jardins Bandeirantes e Sabará e da vila Industrial (Sabbi) e o apoio da Copel.

A Copel também teve grande participação na reforma da Praça Santo Antônio, segundo a assessora de comunicação da Copel, Rakelly Calleari, a empresa estatal atuou na adequação da iluminação pública trocando as iluminarias, lâmpadas e na poda das arvores. Além disso, a Copel irá ajudar, até no final de 2010, na reforma do asfalto onde há saídas de cabos subterrâneos.
 

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