23 de agosto de 2011

Motoboys têm prazo para se adequar à lei


Contran deu mais um ano para que profissionais façam curso e equipem os veículos, mas alto custo dificulta adaptações e pode gerar aumento de preços


PAULO MONTEIRO

Fotos: Walkiria Vieira


Profissionais que utilizam moto para transportes de pessoas e cargas têm um ano para se adequarem às exigências da Lei federal 12.009/2009, que ainda não entrou em vigor justamente por falta de adaptação dos veículos e condutores. A lei regulamenta a atividade e dispõe sobre regras de segurança dos serviços. Segundo os motociclistas, o maior empecilho é o alto custo das adequações, que inclui curso de pilotagem e equipamentos obrigatórios.


Conforme a legislação, que estará valendo a partir de 4 de agosto de 2012, o condutor precisa ter 21 anos completos e cursar aulas teóricas e práticas. No dia a dia, o profissional terá de trabalhar usando, além do capacete, colete com faixa refletiva. Já a moto terá de ser equipada com placa vermelha, mata-cachorro e aparador de linha com cerol. No caso de motofretistas, será obrigatória a instalação de ‘sidecar’ (dispositivo anexado à motocicleta para carregar galões de água e botijões de gás), que custa, no mínimo, R$ 2 mil.


Os mototaxistas e motoboys, que trabalham com entregas, seja de documentos a botijões de gás ou garrafões de água, reclamam justamente do alto investimento para a adequação à lei que sai em torno de R$ 400, incluindo o curso e taxas do Departamento de Trânsito (Detran). Tanta exigência tem preocupado o empresário Claudemir Oliveira, que pode até dispensar 20 motoboys de sua empresa de entregas. “Imagina o gasto que teremos? Infelizmente, vou ter que abrir mão dos motofretistas e fazer o transporte de carro.”


Oliveira acredita que a mudança também irá refletir no bolso do cliente. “Isso tudo vai fazer com que os preços das mercadorias subam. O galão de 20 litros de água mineral, que custa R$ 6, cobramos uma taxa de R$ 0,50 para as entregas no centro, mas não vai dar para manter esse valor.” Trabalhando no ramo há seis anos, o empresário pretende aguardar mais um pouco para se adequar à legislação. “Vamos esperar pra ver se abaixam os preços dos equipamentos. As alterações envolvem emplacamento, legislação, curso, acessórios. Além disso, vamos precisar agora do tal sidecar, que já vi custando até R$ 4 mil.”


Não muito diferente, o motoxista Jorge Pires Furtuoso já faz as contas de quanto vai ter de trabalhar para pagar o curso e comprar os acessórios. “Concordo com a lei, mas está tudo muito caro. Preciso do dinheiro de uma semana inteira para cobrir estes gastos. Pra você ter uma idéia, só o colete custa mais de R$ 70.” Furtuoso diz que também pretende aguardar, e cobra uma fiscalização maior da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização sobre alguns mototaxistas que, de acordo com ele, exercem a função irregularmente. “Agora quero ver se eles vão prestar mais atenção nas motos que fazem o nosso trabalho e não estão cadastradas na CMTU.”


Só existe um centro de formação


Segundo o diretor do Detran em Londrina, Márcio Celso Reis Sandoval Júnior, pelo menos o curso obrigatório de pilotagem poderá sair por um preço menor. “Mesmo a lei existindo há dois anos, ninguém fez as aulas em Londrina por causa do valor. Atualmente, só há um centro de formação de condutores na cidade”, disse. “Estamos avaliando e possivelmente haverá mais escolas oferecendo a preparação de motofretista e mototaxista, o que deve baratear o processo.”


O diretor defende que a exigência tem o objetivo de dar mais segurança tanto para os passageiros quanto para os motoboys. “Essa lei conscientiza ainda mais os motociclistas sobre a responsabilidade de transportar cargas e, principalmente, pessoas”, analisa ele, anunciando as punições aos condutores caso não atendam à norma do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) até 4 de agosto de 2012.


“Caso eles não façam isso, as penalidades serão gravíssimas, com a cassação da licença de motorista e multa de R$ 191,54.”


Curso sai por R$ 400


Robson Santana, gerente da única auto-escola em Londrina que oferece o curso obrigatório de pilotagem, diz que as aulas práticas, teóricas e mais a documentação custam R$ 400, ou 3x de R$ 150. Apesar de estar tentando fechar uma turma desde o início do ano, o primeiro grupo de alunos só irá iniciar os estudos no próximo dia 22. “O interessado deve nos procurar com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e um comprovante de residência. O curso consiste em 25 horas de aula teórica e quatro horas e dez minutos de aula prática. Por volta de um mês, o aluno, com 21 anos ou mais, receberá sua nova carteira com a licença para exercer a função de motofretista e mototaxista.


Tabela de preços

Colete com faixa refletiva: entre R$ 98 e R$ 100.

Placa de identificação vermelha refletiva: Alumínio R$ 90, aço R$ 100.

Mata-cachorro (protetor de motor): entre R$ 100 e R$ 200.

Aparador de linha (antena corta pipa): Entre R$ 14 e R$ 70.

Sidecar: entre R$ 2 mil e R$ 2,8 mil (www.saidbrasil.com.br)

8 de agosto de 2011

Pipa + cerol: uma brincadeira que pode acabar mal

As maiores vítimas, os motociclistas, ficam apreensivos com os riscos das linhas cortantes. A proteção mais eficiente é a “antena corta pipa”, que custa entre R$ 14 e R$ 70


Texto: Paulo Monteiro (matéria publicada originalmente pelo jornal Folha Norte: jornalfolhanorte.com.br). Fotos: Walkiria Vieira


Em praticamente todas as regiões de Londrina, a pipa, principalmente nesta época do ano, é uma das brincadeiras preferidas da garotada. Mas ao invés de colorirem o céu, podem acabar manchadas de sangue por causa do uso de cerol (uma mistura composta por caco de vidro, água e cola), que é usado na linha com o intuito de derrubar a pipa do outro em disputas, ameaçando pedestres, motociclistas e até quem está brincando.


O entregador de gás, Lucas Aguiar Pereira, 19 anos, se deparou com uma linha com cerol e, por sorte, teve apenas um corte no dedo ao se defender. “Quase acertou meu pescoço. Só não foi pior porque o cerol era ruim”, relata ele, mostrando a mão ferida. “Quando passo ruas ou perto de algum campo que tenha pipas, abaixo o corpo e coloco o braço

na frente da minha garganta”, explica o entregador. Há 12 anos trabalhando como mototaxista, Alcides Ribeiro, 50 anos, percorre diariamente uma média de 150 km. “Nessa época, em todo lugar que passo tem um moleque soltando pipa, mas graças a Deus nunca me machuquei. Procuro andar sempre atento.” O motociclista diz que jamais usou a antena de proteção, que custa, em média, entre R$ 14 e R$ 70. “Acho que vou instalar uma na minha moto”.


“Não gosto de usar cerol, mas se não passo, perco a pipa rapidinho. Hoje mesmo já foram duas”, admite um adolescente de 14 anos, morador na Zona Norte. Ele conta que, na maioria das vezes, compra as pipas em um bazar perto de casa e prepara o cerol com cacos de lâmpadas. Admite que já foi vítima do próprio cortante e testemunhou um acidente grave. “Às vezes eu machuco o dedo, mas já vi um motoqueiro que teve um corte na garganta ali perto da Avenida Saul Elkind.”


Acidentes são poucos, mas, em geral, graves


De acordo com o sargento do Corpo de Bombeiros, Valmir Alexandre, por incrível que pareça, o número de acidentes com linhas de cerol é pequeno em Londrina. “Talvez porque não temos um índice que aponte, especificamente, os casos com este tipo de material, já que muitos atendimentos são registrados como ferimentos por objetos cortantes. Mas posso garantir que, pelo menos nas duas últimas semanas, não houve nenhum.”


Alexandre recomenda que o mais importante é a atenção dos motociclistas nos locais usados pelos jovens que soltam pipas, e que busquem se proteger com equipamentos de segurança. “Não podemos esquecer que a maioria das pessoas que usa o cerol é de garotos com pouco juízo. Então, o maior cuidado deve partir do condutor. Por isso, a antena de proteção é extremamente necessária para evitar cortes, especialmente na região do pescoço.” O militar ainda acrescenta que os riscos também existem para o pipeiro: “Já atendemos várias ocorrências em que a vítima era quem estava soltando a pipa com cerol.”


Pais fazem questão de acompanhar criançada


Jací Beraldo Júnior, 36 anos, costuma acompanhar o filho Pedro, 12 anos, até as margens do Lago Norte para ajudá-lo a soltar pipa. Além disso, está sempre observando para que nenhum “espertalhão” acabe com a brincadeira dele. “Já tive um amigo que teve o braço cortado por uma linha com cerol. Por isso, não aconselho ninguém a usar, sei dos perigos e procuro proteger o Pedro.”


Já Adriana Pickina, 34 anos, que também leva os filhos Fernando, 6, e Rafael, 8, para soltar pipa acredita que a brincadeira se tornou uma rivalidade entre os jovens. “O pessoal que usa o cerol não sente mais prazer e sim uma rivalidade de tirar a pipa do outro. Eu vi várias situações acabar em briga,” criticou.

1 de agosto de 2011

Londrinenses dão show de nocautes

Em oito lutas, sete vitórias, quase todas decididas no primeiro round. Evento arrecadou 1 tonelada de alimentos

PAULO MONTEIRO (matéria publicada originalmente pelo jornal Folha Norte: jornalfolhanorte.com.br)


Um novo recorde marcou a quinta edição do Londrina Fight, disputado no último domingo, no ginásio Moringão: em menos de um minuto do primeiro round, o lutador londrinense José de Batista Neto nocauteou Cristiano Silva, de Ponta Grossa. Foi o quarto combate da noite, pela categoria até 88 kg (MMA). Após derrubar o adversário, Neto desferiu vários golpes, obrigando o juiz a interromper a luta. O público, que levou ao ginásio uma tonelada de alimentos, aplaudiu muito os lutadores da casa.


Destaque também para o sétimo combate da noite, quando o jovem Rafael “Venenoso”, de apenas 17 anos, venceu Antonio Sherek, de Lages (SC) na categoria até 90 kg (MMA). Os primeiros minutos de combate tiveram o domínio do catarinense, que não conseguiu aproveitar a vantagem no chão e permitiu que Rafael ficasse em pé novamente. O “Fenômeno Venenoso”, como já é chamado, aproveitou a oportunidade e, depois de três chutesdesferidos na cabeça, apagou Sherek, ainda no primeiro round, que precisou do apoio dos médicos, recobrando a consciência logo em seguida.


Com os resultados da noite, o Londrina Fight mantém a fama de vitrine dos atletas londrinenses. Já na primeira disputa, o lutador de Ponta Grossa, Henrique Miranda, desistiu do combate assim que terminou o round inicial , dando a vitória a Lucas Morais. O lutador da casa acertou fortes joelhadas e bons socos no adversário, que contra-atacava com golpes parecidos, porém mais leves. Miranda preferiu não voltar para o segundo round.


Edson Mosca, de Londrina, e Adriano Camilo, da cidade paulista de Assis, lutaram na categoria até 75 kg e chegaram ao segundo round. O visitante começou com vantagem, com rápida movimentação e fortes socos. Mas a resistência de Mosca, uma das características marcantes do atleta, foi superior e ele definiu o combate com um armlock (chave de braço), no início do segundo round.



Apenas uma luta perdida para os londrinenses foi na categoria até 90 kg (MMA), entre Lucas Bonatto e Alessandro Santos, de Marília (SP). O combate teve bons contra-ataques, porém o londrinense, já demonstrando cansaço, foi nocauteado com socos nos primeiros minutos do segundo round.


O londrinense Renato Pezinho, com o apoio maciço da torcida, também nocauteou o visitante Sindoval Pinheiro, de Ponta Grossa, já no primeiro round, pela categoria até 77 kg. Na categoria até 68 kg, Roger “Massacre”, de Londrina e Lucas Pilão, de Foz do Iguaçu, passaram alguns minutos se estudando e, após alguns ataques frustrados, Massacre derrubou seu adversário e finalizou com um “mata-leão”, também no 1º round.


O Londrina Fight V terminou com a luta de boxe profissional entre Edilson Agostinho e Jeferson Bergamo, de Lages (SC), na categoria até 80 kg, e fechou com “chave de ouro” a noite dos londrinenses. Edilson demonstrou superioridade técnica durante todo o primeiro round, conseguindo um knockdown. No início da segunda etapa, ele confirmou o favoritismo e definiu a luta com um nocaute.


Torcida comparece e reúne toda a família


O motorista Marcelo Aguiar levou o filho Renan e a irmã Paula para acompanhar de perto o que só tinham visto pela televisão: MMA. “É diferente. Sempre assistimos em casa e hoje resolvemos sair da rotina e ver ao vivo.” A copeira Paula Aguiar ajudou acompor o grande público feminino que esteve no Moringão. “Muita gente acha violento, mas eu não penso assim. Sei que é um esporte e sempre acaba tudo bem para os atletas.” Renan, de 14 anos, disse que costuma ficar acordado até de madrugada para ver seu programa predileto: o UFC (principal evento de artes marciais do mundo).


O presidente da Liga Paranaense de Muay Thai, José Roberto Nicolau, o mestre Kim, ficou satisfeito com o resultado do evento e defende que o Londrina Fight ajuda a aproximar os jovens das artes marciais, afastando-se dos vícios e da vulnerabilidade social. “O esporte tira os adolescentes das ruas, das drogas, e permite que eles se profissionalizem e possam viver financeiramente da luta.”


Christian Tidi, um dos lutadores mais experientes da cidade e treinador da equipe londrinense que participou do Londrina Fight, diz que foi uma grande oportunidade para mostrar os talentos locais. “Fico feliz em ver que o trabalho que começamos em 1997, quando organizamos o primeiro Vale Tudo (MMA) de Londrina, tem uma continuidade tão bem feita.”


 

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