7 de fevereiro de 2011

Londrinense é picada por escorpião em show de Amy Winehouse



Alta temperatura e chuvas favorecem a reprodução de aranhas, cobras e escorpiões nesta época do ano


Texto e fotos - PAULO MONTEIRO (matéria publicada originalmente pelo jornal Folha Norte:jornalfolhanorte.com.br)


A jornalista Carolina Martinez Prado, que viajou de Londrina a São Paulo para assistir ao show de Amy Winehouse no último dia 15 de janeiro, viveu emoções diferentes num curto espaço de tempo. Além da alegria e empolgação de presenciar uma grande artista, ela também passou por momentos de angústia e dor. Carolina sofreu uma picada por escorpião ao final do show e passou muito mal.


”Estou assustada ainda e não me sento mais em grama sem uma proteção, foi muito dolorido e assustador”, conta ela, que tomou alguns medicamentos durante vários dias. “O meu maior medo foi ter uma necrose no local da picada”, acrescenta.


Carolina conta que, ao final do show, sentou-se num gramado para esperar um amigo e logo sentiu uma picada forte na parte superior da coxa. “Devido à adrenalina do show, relevei momentaneamente a dor. Procurei o que havia me picado e não encontrei por causa do escuro”, relembra.


Ela conta que após alguns minutos começou a sentir falta de ar e formigamento na boca, além do corpo quente e coceiras. “Achei que era bobagem, mas fui tomada por um forte cansaço. Percebi que meus braços estavam vermelhos, procurei o centro médico do show e eles me deram uma vacina de Fenergan (medicamento indicado no tratamento de sintomas e distúrbios incluídos no grupo das reações anafiláticas e alérgicas). Ao chegar em casa, notei que o meu corpo inteiro estava vermelho e minha orelha inchada”, recorda a jornalista.


Já em Londrina, no dia seguinte, Carolina diz que havia um grande hematoma no local da picada e procurou um médico alergista. “Ele então me comunicou que sofri uma picada de escorpião”, relatou Carolina.


Nesta época do ano, de temperaturas elevadas, aumentam os casos de picadas de animais peçonhentos, muitos com risco de morte. O Centro de Informações Toxicológicas (CIT) - serviço de apoio e tratamento e prevenção de intoxicação - registra uma média de 70 casos por mês.

De acordo com a coordenadora do CIT, Conceição Turini, boa parte dos casos atendidos envolve intoxicação, seja por ingestão de produtos ou no contato com animais peçonhentos e venenosos. Segundo ela, as altas temperaturas e as chuvas, comuns entre os meses de setembro a maio, favorecem a reprodução de cobras, escorpiões e aranhas.

Conceição aponta que o maior número dos casos atendidos está ligado as aranhas, geralmente do tipo armadeira, “Esse animal costuma viver em galhos, folhagem, lixo de maneira em geral e materiais de construção, além do interior de calçados e locais com muitos insetos”, alerta a coordenadora.


Ela recomenda, portanto, muito cuidado ao ter contato com árvores e outras vegetações, principalmente os trabalhadores rurais e as pessoas que estão em férias e aproveitam para visitar áreas rurais e parques. “Na zona rural os trabalhadores devem usar camisas de mangas compridas, luvas e botas altas apropriadas ao trabalho."

Acidente fatal
O último registro de morte foi em 1997 no município de Tamarana. Esse caso aconteceu no mês de julho daquele ano, quando o jovem Rogério Martins Monteiro esbarrou em taturanas da espécie lonomia. Os primeiros sintomas sentidos pelo jovem foram fortes dores de cabeça e queimação no braço em que teve o contato. O rapaz foi encaminhado no dia seguinte ao Hospital Universitário de Londrina, chegando ao local já em estado grave.

Conheça os animais peçonhentos
Animais como aranhas, escorpiões e cobras são ativamente parte do equilíbrio ecológico e por isso são importantíssimos para o controle de pragas. Portanto, o ser humano deve aprender a conviver harmoniosamente com esses animais. A coordenadora do CIT, Conceição Turini, destaca informações sobre onde identificar os animais peçonhentos e venenosos.

Aranha
É importante manter o quintal sempre limpo. Ter cuidado com lugares pouco visitados e escuros, onde geralmente são habitados pela aranha marrom. Já aranha armadeira vive em lenhas, materiais empilhados, troncos, folhagens densas, bananeiras.
Escorpiões
A limpeza também é importante para manter os escorpiões distantes. Durante o dia ele se esconde em troncos podres, pedras, casca de árvore, materiais empilhados e no interior de casas.

Cobras
As serpentes peçonhentas geralmente vivem na zona rural, por isso as principais vítimas são os agricultores. As cobras podem ser encontradas em acumulo de lixo, entulho, folhagens densas, assoalhos, forros.
Taturanas (lonomia)
A taturana geralmente é encontrada em folhagens. Dentro de sua fase larvária de borboleta e mariposa, por ser sensível, ela tem o corpo recoberto por pelos ou, no caso da taturana lonomia, por espinhos parecidos com galhos de pinheiro. A lonomia é a mais perigosa, pois pode levar a um distúrbio hemorrágico e à morte.
Serviço
Em caso de acidentes com animais peçonhentos e venenosos a pessoa deve procurar uma unidade básica de saúde. O Centro de Informações Toxicológicas (CIT) fica no Hospital Universitário de Londrina e atende 24 horas, inclusive nos fins de semana. O endereço é avenida Robert Kock, 60, Vila Operária. Telefone: (43) 3371-2244.

1 de fevereiro de 2011

Bebê-Clínica é exemplo na prática preventiva

Criado em Londrina, tratamento voltado para a saúde bucal infantil é usado também por outros países


Texto e foto - PAULO MONTEIRO (matéria publicada originalmente pelo jornal Folha Norte: jornalfolhanorte.com.br)


Londrina é modelo para o mundo quando o assunto é tratamento da saúde bucal de crianças. Isso graças ao pioneirismo da Bebê-Clínica que atende bebês a partir dos quatro meses de idade, sempre com a intenção também de reeducar os pais a prevenir as doenças de seus filhos.

O diretor Antônio Ferelle explica que quando começaram a divulgar a idéia, em 1983, os dentistas foram chamados de loucos. “Questionavam-nos de como iríamos atender as crianças, já que elas não possuíam dentes”, contou Ferelle. Referência, a clínica trabalha na geração e fortalecimento de hábitos saudáveis, além de propor melhorias no processo de desenvolvimento da prática sanitária em geral.


Vinculada à Universidade Estadual de Londrina (UEL), a Bebê-Clínica começou a funcionar em 1983 quando um grupo de professores de Odontopediatria percebeu o grande número de crianças com cáries já aos três, quatro anos de idade. “Então nos perguntamos, por quê então não atendemos as crianças antes delas terem esses problemas?”, conta o diretor Antônio Ferelle. “Através disso buscamos desenvolver um novo jeito de atender essas crianças. Começamos com atividades na Bebê-Clínica, atendendo as crianças e orientando os pais”, diz.


O trabalho da Bebê-Clínica vai além da criança e tem na reeducação dos pais o ponto de partida do tratamento. Ferelle diz que dessa forma os pais educarão corretamente seus filhos em relação à saúde bucal. A criança inicia-se no programa por volta dos quatro meses de idade. Antes, é feito uma reunião com os pais onde é explicado o trabalho da clínica e normas que devem ser seguidas rigorosamente. Já na clínica é ensinado aos pais como limpar a boca de seus filhos, o consumo de açucares e como deve ser o aleitamento noturno, responsável pela cárie de mamadeira.


“Através do histórico apresentado pelos pais, saberemos os riscos que a criança tem de possuir cárie. Por exemplo, se ela come muito doce e não escova os dentes. Lembrando que as crianças não nascem pedindo doces, são os adultos que dão. Se elas não experimentarem, não irão pedir”, afirma o diretor Antônio Ferelle.


A equipe Bebê-Clínica é grande, e desde março de 2009 a dentista residente Paula Kreling fortalece este time. Todos sempre bem preparados para atender o grande número de crianças, Paula diz que cada dentista residente atende uma média de 350 pacientes.


A Bebê-Clínica atende também crianças através do seu pronto-socorro, a dentista conta que há uma grande diferença entre elas. “A maior dificuldade é em relação à conduta da criança. Trabalhamos com dois tipos, as que já estão se tratando conosco desde os quatro meses, que são mais fáceis de trabalhar, e as que chegam através do pronto-socorro. Essas chegam em uma situação mais precária em relação aos dentes, chegam com cáries, com dores, além dos traumas causados por incidentes”, relata.


“Acho muito bom já que desde a primeira reunião que participamos, há seis meses, começamos a fazer o que nos foi ensinado, já notamos o resultado positivo”, destaca Edson Juliano Fernandes, pai da paciente Ana Gisele, de quatro meses.


Fernandes destaca que todo o aprendizado na Bebê-Clínica trará um futuro melhor para a saúde bucal da sua filha. “Hoje novamente a trouxemos e a dentista nos ensinou mais um pouco, sabemos que tudo isso será muito bom para o futuro dela. Sabemos que dessa forma iremos livrar nossa filha de muitas complicações. O trabalho que nós tivemos com nossos dentes, não queremos que ela também tenha”, completa o pai junto à esposa.


Referência fora do país

Muitos profissionais buscam na Bebê-Clínica o aperfeiçoamento em odontologia para bebês e o estágio de observação. Alguns desses vindos de vários estados brasileiros e países da América Latina. A história da Bebê-Clínica, além do bom atendimento, registra avanços na formação de recursos humanos em saúde, além da produção de tecnologias na área de odontologia para bebês.


Uma inovação simples, mas de grande utilidade é a ‘Macri’, uma pequena maca desenvolvida pelos profissionais da clínica para conter a inquietação das crianças no atendimento. O diretor Antônio Ferelle explica melhor a inovação. “O nome Macri é uma mistura de maca com criança, ela foi criada para que as crianças não se mecham muito. Quando nós as atendemos, elas usam o pé para apoiar e se virar na cadeira, já nesta maca, elas não conseguem fazer esse movimento”, explica o diretor Antônio Ferelle.


Todo esse atendimento diferenciado é também lembrado por Franciele Souza Rodrigues, mãe de Davi que há dois anos faz tratamento no local, após cair e perder um dente. “Eu gosto do tratamento. A criança é muito bem atendida, além do ambiente que é bom e os dentistas são muito bem preparados”, reconhece.


Cerca de 30 mil atendimentos

Depois de décadas, a Bebê-Clínica já atendeu quase 30 mil crianças, sempre sensibilizando a população de pais e responsáveis a respeito da importância da saúde bucal dos bebês. Assim, fica difícil entender que os precursores desse projeto foram um dia desacreditados.


O diretor explica que quando começaram a divulgar a idéia, foram chamados de loucos pelos veículos de comunicação. “Questionavam-nos de como iríamos atender as crianças, já que elas não possuíam dentes. Então respondíamos que a nossa intenção era trabalhar com a educação das mães para a prevenção de doenças bucais em seus filhos”, relembra com alegria o diretor, já que a partir dali passariam a ser exemplo na prática odontológica brasileira e mundial.


Até hoje já passaram pela Bebê-Clínica mais de 29 mil crianças. O que um dia foi tratado como loucura por muitos, hoje é admirado e usada inclusive por outros países da América do sul, junto ao México, Israel e Estados Unidos. “Hoje, quando a criança nasce, o médico já indica um dentista para ela se consultar. Ou seja, o que antigamente davam risada de nós, atualmente é aceito culturalmente em nossa região em todos os hospitais”, comenta Ferelle.


Endereço da Bebê-Clínica: Rua Benjamin Constant, 800. Telefone: 3323-1232. Email: bebeclinica@uel.br

 

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