15 de junho de 2010

Eduardo (Facção Central): Retaliação, sofremos o tempo todo!


REPORTAGEM E FOTOS: PAULO MONTEIRO
Cantor de rap e escritor, Carlos Eduardo Taddeo (foto) é considerado hoje um dos maiores nomes do gênero no Brasil. Com letras fortes e contundentes, seu grupo - O Facção Central - alcançou um alto patamar dentro da música a qual o grupo se dispôs a fazer.

O grupo atrai um grande público por onde passa e, no último dia 15/05/10, Londrina teve a oportunidade de prestigiar sua música, cantada também pelos seus companheiros de microfone Dum Dum e Moysés. Além do emocionante show, Eduardo atendeu ao repórter Paulo Monteiro e falou sobre as retaliações sofridas pelo grupo, os novos projetos e o papel do rap nacional.

Como surgiu o Facção Central?
Como todo grupo de periferia, né mano, assistindo outras bandas de rap, assistindo shows, escutando a rádio despertou aquela vontade de escrever e seguir o mesmo caminho. Aí você conhece outros parceiros na quebrada que também querem escrever rap, rimar e cantar. Isso tudo surgiu de uma maneira espontânea. Você no veneno e vendo o sofrimento social, se expressa através da música. Assim, em 1990, teve início o Facção Central.

Qual é a função do Rap?
Além de informar, doutrinar para um outro caminho, mostrar outras opções, é mostrar a verdade sem distorção e um cotidiano que é camuflado e que não está na televisão, não está em nenhum grande veículo de comunicação. O papel do rap é trazer essa verdade à tona, dar voz às pessoas que não são ouvidas, que estão esquecidas e excluídas.

Quais as dificuldades que o rap nacional enfrenta?
Como toda arte vinda da periferia, do gueto, dos pobres, ele também é marginalizado. Não há uma porta aberta. Por isso você tem que arrombá-las. Por isso, a dificuldade do rap é inerente à classe social que você vive, no caso, a classe pobre. Você não tem um veículo de comunicação que vai te abrir as portas. Você lida com temas delicados e aborda assuntos que não são de interesse de quem comanda a mídia, as indústrias, a política e o país. Você vai contra toda uma força armado somente com um microfone, um papel e uma caneta. É uma luta de Davi contra Golias. O maior problema é desigualdade na hora de lutar.

Você já sofreu alguma retaliação por causa de suas letras?
Retaliação, sofremos o tempo todo. Por exemplo, o Facção Central não toca nas rádios e em nenhuma emissora grande de televisão. Eles jamais abrirão suas portas para que possamos dar entrevistas. Essa é a retaliação da mídia. Há também a retaliação da classe social, dos playboys que não abrem as grandes casas de shows. E também a retaliação do estado através da força bruta e armada da polícia. Sofremos de todos os lados, porém, o apoio da periferia supre a falta de espaço que perdemos.

O rap é o caminho mais eficiente para conscientizar as pessoas?
Eu diria que é um deles. Eu diria que o livro e a internet são também portais de informação importantes. O rap tem uma particularidade importante, porque o cara que está cantando é parecido com o receptor, por isso ele tem mais credibilidade e atinge de uma maneira mais forte e fácil.

Você trabalha em outras áreas, além do Rap?
No momento estou terminando meu livro. Eu busco atuar também em outras áreas, porém sempre ligadas à arte e expandindo a cultura periférica, mostrando o nosso valor. Independente do mecanismo, a intenção é mostrar que com oportunidades muitas pessoas não estariam no crime ou viciados em drogas e no álcool.

Quais são novos projetos seu e do grupo?
Pretendo terminar meu livro ainda este ano, mas o livro é uma ferramenta diferenciada e dá mais trabalho. Como fazemos vários shows e viagens, quando chego em casa, leva um tempo para abaixar a adrenalina e começar a escrever novamente. Terminando alguns projetos paralelos, como o livro, começaremos a produção de um novo disco.

Vocês já têm algumas músicas prontas?
Eu não diria músicas, mas sim temas que iremos abordar, esses já estão no pente. A questão de rimar vem depois, é mais simples.

Trabalhadores reivindicam terras ao INSS de Londrina


Agricultores esperam a desapropriação de fazendas que, segundo eles, são improdutivas, não geram empregos e os proprietários sonegam impostos

PAULO MONTEIRO
O estacionamento do INSS da avenida Duque de Caxias foi ocupado por um grupo de trabalhadores sem-terra hoje de manhã que pretendem pressionar a direção do órgão para desapropriar fazendas na região de Porecatu , 93 km distante de Londrina.

O grupo de trabalhadores pertence à Confederação dos Trabalhadores da Agricultura (Contag). O coordenador dos trabalhadores , Cláudio Fernandes, afirmou que as fazendas têm dívidas duas vezes maiores do que o seu próprio valor.

“Essas fazendas não pagam ninguém, sonegam impostos. As áreas são improdutivas, não geram empregos. Por isso acreditamos que essas áreas serão nossas. Acreditamos que iremos trabalhar regularmente nelas.”

O coordenador ainda disse que foram retiradas 800 famílias dessas terras e que estão buscando junto ao Incra, ao INSS e à Previdência Social a desapropriação ou a compra da fazenda. “Hoje recebemos aqui todas as informações necessárias para entrarmos com o processo no Incra, nosso próximo destino”, explica Fernandes.
(Matéria publicada originalmente pelo jornal Comtexto www.unopar.br/comtexto)
 

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