18 de março de 2011

Mulheres guerreiras


história 1

“O meu maior apoio veio pela fé”


Textos e foto Paulo Monteiro (matéria publicada originalmente pelo jornal Folha Norte: jornalfolhanorte.com.br)


Mãe de três filhos naturais, Regina Célia Siqueria Almeida, poderia ser considerada mãe de algumas dezenas de filhos espalhados pelo mundo. Pois sua vida toda foi dedicada a ajudar as pessoas, principalmente as mais fragilizadas. Nesta lista estão incluídos dependentes de drogas, álcool, crianças carentes, portadores de HIV, entre outros.


Mulher de muita fé, Regina acredita que mantém as atividades até os dias atuais graças ao apoio de pessoas próximas e também pela força de Jesus Cristo e de Nossa Senhora Aparecida, a quem é devota. Tanta devoção e vontade de ajudar o próximo resultaram na fundação da Casa de Maria, zona Oeste, que nasceu como centro de apoio aos dependentes de álcool.


No início, a Casa de Maria tinha o intuito de prestar um atendimento ambulatorial. “Mas, com o passar dos anos, os dependentes de álcool chegavam de mala e cuia. Com o tempo percebemos a necessidade de abrigar essas pessoas”, conta ela, que teve a ajuda do marido nessa empreitada. “Ele cedeu o seu sítio em Faxinal (PR), em 1991, para abrigar essas pessoas.”

Após isso, Regina começou a atender também as pessoas portadoras de HIV. “Pela necessidade, já em 1995, nos transferimos para um antigo seminário em Jaguapitã (PR), o Recanto Amigo”, diz. No local são atendidas cerca de 80 pessoas, onde, além de amparo, recebem o apoio moral e espiritual, o tratamento médico ocorre em Londrina. Também em Londrina, no jardim Veraliz, a Casa de Maria cuida de crianças que têm os pais viciados em álcool e drogas.


O filantropismo ganhou força quando Regina iniciou no curso de Serviço Social da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no início da década de 1970. Trabalhou por 15 anos no lar Anália Franco e, posteriormente, na Arquidiocese de Londrina, na pastoral familiar, onde acabou conhecendo profundamente os traumas que o alcoolismo causava às famílias.


Há 40 anos, os médicos haviam dado apenas seis meses de vida a Regina Célia Siqueira Almeida, por causa de um problema de varizes no esôfago. Ela precisou retirar um baço mas, ao invés de se entregar, deu a volta por cima e mergulhou de cabeça na filantropia – ofício que exerce até com o apoio da família. “Assim eu levo a minha vida, não penso no dia de amanhã, procuro aproveitar o hoje”, diz ela.


história 2


Dias melhores virão para Luzia


Há cinco anos a diarista Luzia Aparecida dos Santos não se deixa abater e luta dia após dia contra um câncer de mama. A doença não tirou a alegria de Luzia, ela enfrenta a vida sempre sorrindo. Sem parar de trabalhar, continua fazendo faxina diariamente em casas londrinenses.Mãe de um jovem de 18 anos que mora com o pai, Luzia foi casada durante 15 anos, mas se divorciou um ano após descobrir que estava com a doença. “Nessa época eu ainda estava casada, um ano depois eu me divorciei. Eu não posso culpar o câncer pela minha separação, mas... não sei, né...”, conta.


“Foi difícil e está sendo até hoje. Faz cinco anos que luto contra essa doença”, diz ela, relatando o momento em que a doença deixou de ser uma dúvida e passou a ser realidade dentro de si. “Eu sempre apalpava os meus seios e achei que tinha algo neles. Então eu fiz mamografia e foi constatado um nódulo de gordura. Na sequência, a médica me pediu uma ultrassonografia. Ela examinou e achou suspeita aquela situação. Logo após, passei por uma biópsia e, enfim, constatado o câncer”, lembra.


A partir daí, Luzia a enfrentar as várias etapas que a doença impõe aos pacientes, como a quimioterapia, medicamentos e queda de cabelos. “Perder os cabelos foi o menor obstáculo de todos. As sessões de quimioterapia foram os piores momentos de minha luta contra a doença, me deixavam muito mal”, explica.


Apesar de ter obtido progressos na luta contra a doença, Luzia diz ter muitas dificuldades para continuar o trabalho como diarista. Esta semana ela foi procurar ajuda no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para tentar o auxílio-doença, mas sem chances. “Esses são os privilégios da vida”, ironiza. Ela conta que o medicamento utilizado em seu tratamento a deixa muito vulnerável fisicamente. “Com os medicamentos, fico mais pra lá do que pra cá. Dificulta muito o meu trabalho”, relata.


Além disso tudo, Luzia mantém a fibra e a esperança de dias melhores. Ela avalia que, em breve, ao menos poderá deixar os medicamentos. “Eu já tenho melhorado bastante. Me livrar totalmente do câncer? Acredito que vai levar ainda alguns anos. Os medicamentos, se Deus quiser, eu deixo de tomar em maio de 2011”, espera a diarista.

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