9 de março de 2011

Lagos: diversão que pode oferecer riscos

Manchas de pele, doenças intestinais e principalmente afogamentos estão entre os maiores problemas verificados nas águas dos lagos londrinenses

Texto e fotos - PAULO MONTEIRO (matéria publicada originalmente pelo jornal Folha Norte: jornalfolhanorte.com.br)


Os lagos Igapó, Cabrinha e Norte talvez sejam um dos poucos pontos de lazer que parte da periferia londrinense desfruta. E, devido às altas temperaturas desta época do ano, esses locais atraem centenas de pessoas, especialmente crianças, que procuram se refrescar. Porém, o contato com a água suja desses lagos pode causar sérias doenças, além da ameaça de acidentes como afogamentos.


Com experiência em salvamentos, inclusive em lagos, Clodomir Marafigo Júnior, capitão do Corpo Bombeiros, faz um alerta sobre os riscos que os banhistas correm ao procurar os lagos Igapó, Cabrinha e Norte. “Esses locais são impróprios para banho. A pessoa que costuma frequentar esses lugares está colocando em risco a sua saúde e a sua vida. Esses lagos possuem um fundo totalmente irregular e águas muito sujas”, informa.


O capitão relata que em 2010 o município de Londrina registrou nove vítimas de afogamentos só nos lagos Cabrinha e Igapó. Segundo ele, esse não é um número tão acentuado, no entanto esses locais não devem ser utilizados para o banho. “Alertamos os pais para conversar com os seus filhos para que não frequentem lagos e rios, já que grande parte das vítimas é de crianças e adolescentes.”


Marafigo informa ainda que a operação Costa Norte, realizada desde o início do verão pelo Corpo de Bombeiros da região norte do Paraná, está intensificando a fiscalização em lagos, rios e piscinas. “Apesar de os lagos Igapó, Norte e Cabrinha não possuírem guarda-vidas, estamos sempre fazendo rondas ostensivas nesses locais”, conta.


FREQUENTADORES - Apesar de todo o alerta sobre os riscos, há quem goste de se banhar nos lagos londrinenses. Um deles é o pintor Bruno Camargo, que diz ter pego micose no lago Igapó. “Mesmo assim continuo vindo nadar aqui na época do calor. Venho porque não pago nada, é de graça. É perigoso nadar aqui, sei dos riscos, mas venho aqui por causa do calor”, explica.


Aos 15 anos de idade, Jeferson de Paes sequer acredita nos males que pode contrair ao ter contato com esse tipo de água. “Sempre nado no Igapó e nunca tive doença alguma. Não acredito que eu possa pegar alguma doença aqui.”


Médico aponta os riscos de infecções

O médico dermatologista Walter Campos afirma que muitas pessoas podem ter doenças causadas por bactérias encontradas nos lagos e locais de água parada. Segundo ele, fungos e insetos, entre outros, muitas vezes encontrados nas águas sem tratamento, transmitem doenças que atingem a pele humana. “Não só os lagos, mas qualquer lugar que tenha água parada, já que oferece um grande risco de contaminação devido aos fungos e picadas de insetos que estão infectados por bactérias. Essas bactérias crescem nessas águas poluídas com matéria orgânica em decomposição e causam várias doenças à pele”, alerta.


Campos explica que não é porque a pessoa mergulhou no lago Igapó que ela sairá doente. “Naturalmente, as próprias defesas do corpo humano irão protegê-la, mas se a pessoa já estiver imunedeprimida, cansada, ou em um dia muito quente, onde se queima muita energia, as doenças terão um poder ainda maior em atingi-la”, conta.


Algumas doenças transmitidas pela água contaminada atingem também outras regiões do corpo. “Nossa pele possui uma defesa chamada de imunidade do tecido, mas quando se toma muito sol essa defesa diminui e aumenta o risco de propagação da micose, que são manchas escamosas, explica. “Outro tipo de infecção é o bicho-geográfico, que é a penetração na pele pela larva das lombrigas, que fazem caminhos pelo corpo até chegarem ao intestino”, diz.

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