24 de janeiro de 2011

Teste rápido antecipa tratamento de HIV


O importante ainda é a prevenção, mas o conhecimento prévio do vírus facilita o encaminhamento de medicamentos e prolonga a vida do portador
Texto e fotos - PAULO MONTEIRO (matéria publicada originalmente pelo jornal Folha Norte jornalfolhanorte.com.br)

Tensão acompanhada de uma certa angústia. Assim podem ser considerados os 15 minutos que antecedem o resultado do teste rápido de HIV, realizado desde 2006 pelo Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA). Aberto ao público, o teste é simples, gratuito e pode detectar o tão temido vírus da aids ainda em seu princípio, antes mesmo que a pessoa portadora comece a sentir os primeiros sintomas.

Toda essa praticidade vem acompanhada de um resultado que pode ser de alívio para uns e de desespero para outros, pois ninguém está preparado para aceitar uma nova vida, talvez, agora acompanhada de um vírus estigmatizado pela sociedade. Descobrir o HIV de forma rápida agiliza o tratamento e torna mais fácil direcionar os medicamentos para o tipo de soro específico do portador.

O CTA possui uma equipe multiprofissional para o atendimento, oferecendo a todos assistência médica e social, farmacêutica, psicológica, odontológica e de enfermaria. O interessado em fazer o teste é cadastrado e convidado a assistir a uma palestra de 30 minutos, preliminar ao teste rápido. O centro costuma receber diariamente uma média de 15 pessoas interessadas no teste.

Proferida pela orientadora Ilda Cássia Baptistotti, a palestra tem cunho esclarecedor. No início, Ilda explica a diferença entre a aids e o HIV. O HIV é o vírus que desenvolve a aids e, após a pessoas ser infectada, em muitos casos ela só sentirá os sintomas depois de oito meses.

A orientadora afirma que quem ao faz o teste pode só acabar descobrindo que tem a doença através dos sintomas apresentados pelo seu corpo. Um deles é a perda de peso, causada pela falta de apetite e por causa de diarréias. Gripes constantes, pneumonia, tuberculose, herpes, entre outros, também podem ser sintomas, pois são doenças oportunistas. No entanto, há casos de HIV que não têm todas essas características. A hepatite também é um assunto tratado na palestra.

A palestra ensina como utilizar corretamente os preservativos masculinos e femininos. Outro ponto destacado pela orientadora é o preconceito, isso porque muitas pessoas portadoras de HVI acabam sendo marginalizadas. Segundo ela, o HIV, por característica, já deprime a pessoa e, como se não bastasse, pela exclusão social, ela fica ainda mais debilitada.

O entregador Alessandro Sales estava fazendo o teste no dia em que a reportagem esteve no CTA e diz ter sido “cobrado” pela esposa. “Eu vim fazer o teste por causa da minha mulher, sou casado há pouco tempo e ela cobrou de mim o teste de HIV. Ela me avisou que o teste era rápido e gratuito”, comenta. Sales deseja saber mais sobre sua saúde, para depois pensar em filho, ”meu objetivo é que o teste dê negativo para que eu possa ter filhos. Em primeiro lugar, buscamos saber como está a nossa saúde, para depois termos o nosso filho saudável”, afirma. Ao final da palestra, a pessoa é convidada para fazer o exame, quando são retiradas algumas gotas de sangue e, cerca de 15 minutos, recebe o seu resultado do teste rápido de HIV.

Brasil é exemplo
Há uma década o teste rápido de HIV é feito em Londrina. Tudo começou nas maternidades públicas e, hoje, existem duas unidades básicas de saúde no município que podem fazer o teste e esclarecer as dúvidas sobre o assunto, diz a gerente do Programa Municipal de DST, aids, hepatite e tuberculose, Regina Márcia Cortes Correa.
O CTA tem equipe multiprofissional e recebe recursos do Ministério da Saúde para serem destinados aos portadores de HIV, medicamentos e até cestas básicas e transporte se houver necessidade.


Regina enfatiza a importância da prevenção e a promoção de conhecimento prévio da doença. Já que, quando a pessoa descobre precocemente que é portadora do vírus HIV, é muito mais fácil adequar os medicamentos para o tipo de soro que a infectou.

De acordo com a gerente, o vírus passa por mutações, e por causa dos medicamentos usados exige-se um espaço de tempo para a adaptação da pessoa. “Essa adaptação é constatada através da resposta física e imunológica, ou seja, se estão aumentando os anticorpos e restringindo o vírus no sangue. Se isso não ocorrer, temos que mudar os medicamentos, o que leva um bom tempo. E quanto mais tempo demorar o tratamento, maior será o risco”, lembra Regina, fortalecendo ainda mais a importância do teste rápido de HIV.

“A vida não termina ali”
A descoberta do vírus exige o acompanhamento de pessoas preparadas para dialogar, acolher emocionalmente e esclarecer ao portador que a vida não termina ali, apenas terá um novo começo. Uma das profissionais responsáveis por esse trabalho é a psicóloga Josani Campos da Silva.

“Atendo as pessoas que já receberam o diagnóstico positivo de HIV e também seus familiares. Além dos portadores direcionados pelo próprio CTA, também seus familiares. Além dos portadores direcionados pelo próprio CTA, também recebemos os de hospitais de toda a região de Londrina. Por mês, passam pelo CTA cerca de 200 pessoas.

De 1° de janeiro até o dia 27 de setembro de 2010, 820 homens fizeram o teste rápido no CTA. Desses, 48 foram detectados com o vírus. No mesmo período, foram atendidas 651 mulheres, das quais 25 estão contaminadas. A faixa etária é variada, mas a maior parte se concentra entre 30 e 34 anos. A psicóloga afirma que não há grupo de risco e que todas as estão vulneráveis aos vírus. “São muitos os casos que já atendi, o mais difícil foi de uma pessoa que eu conhecia há muito tempo, inclusive é do meu âmbito social. Isso faz a gente entender que qualquer pessoa está sujeita a se contaminar e serve como alerta”, relata.

Segundo Josani, a maioria das pessoas atendidas é infectada pela doença através da relação sexual. Entre os casos, estão mulheres que descobrem o vírus durante a gestação, homens, homussexuais, até jovens de 16 anos e outros com mais de 50 anos. Enfim, não há idade nem perfil específicos.
Como fazer o teste?
Pelo menos dois meses após a última relação sexual anal, vaginal, oral sem a proteção da camisinha. Isso porque durante esse período o vírus não é detectado pelo exame. Dois meses também após compartilhar seringas e agulhas (uso de drogas, tatuagens, Piercings). E toda gestante durante o pré-natal. Para fazer o exame não é necessário estar em jejum. É necessário estar acompanhado de documento com foto e chegar 20 minutos antes da palestra.

Como se prevenir do HIV
Segundo o Departamento de DST, a camisinha é o meio mais seguro de se prevenir contra o aids e contra outras doenças sexualmente transmissíveis (DST). Outras formas de se prevenir contra tais doenças é não compartilhar seringas e agulhas. Todo cidadão tem direito ao acesso gratuito aos medicamentos antirretrovirais, que inibem a reprodução do HIV no sangue.

Serviço - O Centro de Testagem e Aconselhamento de Londrina (CTA) fica na Alameda Manoel Ribas, 01 (no início da rua Souza Naves), e atende de segunda a sexta-feira, entre 8h e 17h30. Já a palestra e o teste rápido de HIV são realizados nas segundas, quartas e quintas-feiras, com o início as 8h30 e às 14 horas. O Mais informações pelos telefones 3378-0146 / 3378-0147.

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