23 de setembro de 2010

Ecopontos beneficiam principalmente a periferia


Londrina tem cerca de 30 mil terrenos baldios espalhados pelas regiões da cidade. A maioria se concentra na periferia e são alvos de descargas de entulhos e podas uma árvore

NEREU PEREIRA
matéria publicada originalmente pelo webjornal Comtexto)
Uma das áreas mais beneficiadas com os ecopontos é periferia de Londrina. As reformas são, na maioria das vezes, feitas pelos próprios moradores e terrenos baldios ou fundos de vale se tornam depósitos para o descarte incorreto. Aliado a isso está uma determinação da Promotoria do Meio Ambiente que proíbe que galhos sejam despejados na Fazenda Refúgio, antigo local usado para descartar o material.

Londrina tem hoje cerca de 30 mil terrenos baldios particulares espalhados nas quatro regiões da cidade. Em sua maioria se concentram na periferia e são o principal alvo de quem faz pequenas reformas ou poda uma árvore. A falta de fiscalização é o principal motivo para que moradores pratiquem esse delito, já que é proibido pelo Código de Posturas do Município. Londrina conta com menos de dez fiscais para fiscalizar a situação, além de aplicar multa a proprietários de terrenos com mato alto. O que agrava ainda mais a situação é que o flagrante do delito que precisa ser configurado para que o fiscal possa multar o infrator.

Depois que a Fazenda Refúfgio não pôde mais ser utilizada para os descarte, quem passou a ser responsável por receber e tratar esse tipo de resíduo foi a Kurica Ambiental, empresa privada que cobra uma taxa de R$ 45,00 por caçamba. A caçamba pequena, que antes custava R$ 70,00 para quem contrata o serviço passou para cerca de R$ 120,00. A reportagem pesquisou várias empresas que prestam o mesmo tipo de serviço e descobriu que o valor praticado é o mesmo, o que caracteriza alinhamento de preços.

Com a mudança desse valor gerou impacto no orçamento de reformas de várias pessoas. A atendente Michele Antunes de Lima é uma delas. "Antes eu fazia uma pequena reforma e com R$ 50,00 estava livre do lixo gerado. Hoje esse valor dobrou, o que impossibilita dar o destino correto." Segundo ela, os ecopontos vieram para livrar os bairros dos despejos irregulares.


Lideranças e trabalhadores apóiam o projeto
Os ecopontos são um projeto experimental de Londrina e vão passar por uma regulamentação por parte do poder público. Mesmo com pouco tempo de implantação, lideranças e trabalhadores já comemoram o aumento de serviço e a diminuição do despejo de lixo em áreas irregulares. Paralelamente a isso está a população disposta a fiscalizar mais e a denunciar os infratores que burlarem a lei.

Milton Pereira preside uma ONG que faz capina em terrenos na cidade, muitas vezes, se deparou com o preço para a retirada dos resíduos maior que o valor da própria mão-de-obra. "Um pequeno jardim ou poda de uma árvore que acumulava pouco lixo inviabilizava a execução do serviço devido ao preço do frete e à taxa cobrada para descarregar o material."

Conforme Pereira, quando a quantidade de resíduos é grande vale a pena levar o material até a Kurica, mas pequenas quantidades não compensam devido ao preço. "O ecoponto resolveu esse problema", afirmou o presidente da ONG.

O carroceiro Marcos da Silva disse que há muitos anos vive desse tipo de trabalho e que só agora está tendo mais respeito pelo que faz. "Antes as pessoas tinham medo de contratar o serviço por falta de um local apropriado para descarregar. A gente tinha que jogar o capim em um local onde não tivesse morador por perto senão ele reclamava." Silva não quis revelar, mas comemora um aumento na renda e na quantidade de serviço prestado. Ele faz, em média, o transporte de cinco cargas de entulho por dia.

Para o presidente da Associação de moradores do Avelino Vieira, na região oeste, Rodrigo Cestalio Pelegrine, o projeto veio para estimular a população a dar uma nova cara para a cidade. "Antes não tinha como denunciar um morador pelo despejo em local irregular. A gente sabe que o ganho dele não é aquelas coisas e existem outras necessidades mais urgentes na família."

Agora com a marcação de um local especifico, ele orientou a comunidade a fazer o despejo no local correto e disse que aguarda a criação de um ecoponto nas imediações de seu bairro.
(matéria publicada originalmente pelo jornal Comtexto www.unopar.br/comtexto)

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