23 de setembro de 2010

Coordenadora luta pela independência dos deficientes


"Através do problema de meu filho que se tratava em São Paulo; percebi que havia outras mães aqui que passavam o mesmo que eu”

PAULO MONTEIRO

Superando os obstáculos e sempre na busca por uma vida mais digna ao deficiente físico, a coordenadora do Centro de Vida Independente de Londrina (CVI), Paola Joana Mas Ortiz, aponta os problemas enfrentados pelos deficientes físicos e a sua luta para que eles tenham uma vida independente.

Paola conta como se envolveu com a causa. “Foi através do problema de meu filho Éricson Davis Ortiz que se tratava em São Paulo. Percebi que havia outras mães aqui que passavam o mesmo que eu, então resolvi trazer os tratamentos de São Paulo para Londrina”. Mãe de mais três filhos, ela abre as portas de sua residência para outras pessoas. “Os portadores de deficiência vêm a minha casa, que serve de centro de educação. Aqui aprendem o básico: como tomar banho, se vestir, a fazer o translado da cadeira para cama e da cama para a cadeira. A pessoa só vai embora quando aprende tudo isso. Nosso trabalho é essencial porque a maioria das famílias não estão preparadas para lidar com um ente deficiente”, explica a coordenadora.

Um dos problemas apontados pela coordenadora é a falta acessibilidade da avenida Saul Elkind, Paola diz que começaram algumas obras em frente ao terminal do conjunto Vivi Xavier. “Já instalaram rampas de acessibilidade no canteiro. O problema é o desnível do local, não adianta somente fazer as rampas, mas sim de um planejamento melhor. Eles não chamam as entidades envolvidas com o deficiente físico para acompanhar as obras, nem o Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná) para saberem como deve ser feito”. Rampas de acessibilidades mal projetadas só aumentam os riscos aos acidentes.

Além das rampas, Paola explica que as calçadas devem ter o piso tátil e sem nenhum meio que possa atrapalhar ou ferir o deficiente físico. Além das calçadas, a avenida Saul Elkind dificilmente possui vagas de automóveis para os deficientes. E, quando possui, os centros comerciais não cobram dos motoristas que desocupem a vaga do deficiente físico.
Paola alerta que, devido à violência da criminalidade e do trânsito, o número de deficientes físicos no município de Londrina só tem aumentado. “Precisamos de uma maior mobilização da sociedade. Se não tivermos uma melhor condição das vias urbanas, por exemplo, esse número só vai aumentar”. Paola ainda ressalta a falta de respeito da sociedade com as pessoas deficientes, “os homens, por causa da correria do dia a dia, se esquecem que o deficiente é um ser humano. Somos todos iguais”.

O estudante Éricson Davis Ortiz se arrisca em uma cadeira de rodas pela avenida Saul Elkind. Além disso, divide sua rotina entre o colégio e o basquete. Deficiente físico desde o nascimento por causa de Má formação congênita, o jovem tenta levar uma vida como qualquer outra pessoa de sua idade. Buscando sempre a independência para se locomover, muitas vezes precisa de ajuda quando transita pela avenida Saul Elkind. “Principalmente nas calçadas, faltam as rampas de acessibilidade. Quando tem acessibilidade, há buracos na calçada que parecem mais uma cratera. A situação das calçadas aqui é igual a quem anda no calçadão: cada passo, um tombo”, brinca Ortiz.

No passado as calçadas de Londrina foram planejadas sem a acessibilidade
O responsável pela secretaria Especial de Acessibilidade a Pessoa com Deficiência, José Giuliangeli de Castro, destaca as obras iniciadas em frente ao terminal do conjunto Vivi Xavier e diz que a intenção da prefeitura é fazer as obras de acessibilidade em toda a avenida Saul Elkind. “Em frente ao terminal do Vivi Xavier foi iniciada uma obra de rebaixamento de guias e posicionamento de transposição de canteiro”. Por ser apenas uma pequena parte da avenida, o secretário acredita que as obras serão estendidas, “se não existir nenhum projeto para outras regiões da avenida, eu levarei essa discussão junto ao prefeito Barbosa Neto. A intenção dele é fazer a acessibilidade em toda a Saul Elkind. Vamos identificar os pontos mais críticos da avenida, conversar com as autoridades da área de planejamento e desenvolver projetos”.

Sobre as rampas já feitas que, ao invés de ajudar o deficiente físico, muitas vezes oferecem ainda mais riscos, Castro diz que as empreiteiras que executam esse serviço não têm a noção perfeita de uma inclinação de rampa. “Outro problema, é que no passado as calçadas de muitas regiões do município de Londrina foram planejadas sem a acessibilidade. Hoje em dia, todas as novas construções são feitas nos padrões acessível ao deficiente físico”, explica.

As calçadas mal estruturadas e esburacadas da avenida se tornaram um grande obstáculo para os deficientes físicos, segundo o secretário, a responsabilidade de consertá-las é dos proprietários, porém, cabe ao governo municipal fiscalizá-las.

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