13 de novembro de 2011

Todo dia é de finados para Rosimeire


MMãe que perdeu o filho em acidente de carro, em março de 2011, nunca ficou um dia sem ir ao túmulo do rapaz


Texto: Paulo Monteiro (matéria publicada originalmente pelo jornal Folha Norte: jornalfolhanorte.com.br). Fotos: Walkiria Vieira


“Por que eu, mãe!? Porque Deus só leva os bons filhos”, estampa a lápide de Rafael Vieira Matias, que faleceu no dia 6 de março de 2011, aos 25 anos, após um acidente de carro, em Mauá da Serra. A frase, de certa forma, conforta a mãe Rosimeire Vieira de Lima, que jamais passou um dia longe do túmulo, que abriga também seu sobrinho, Alan Deimon Vieira de Lima, morto cinco meses depois, em 24 de junho, aos 18 anos, também vítima de acidente de trânsito, que aumenta a estatística de milhares de jovens enterrados no cemitério Jardim da Saudade, Zona Norte.


O jazigo é um dos mais admirados no cemitério, já que leva o escudo do time de coração de Rafael: o Corinthians. “Ele é o meu filho mais velho e sempre foi um corintiano roxo. Por isso resolvemos fazer essa homenagem”, explica dona Rosimeire, se protegendo da chuva, na manhã de terça-feira (25), sob a cobertura que foi colocada sobre o túmulo.


“Eu nunca os deixo sozinhos. Todos os dias saio do Jardim Leonor, na Zona Oeste, para vir visitar, fazer alguma limpeza e o que mais precisar aqui”, revela a mãe, debruçada sobre o jazigo do filho e do sobrinho, como se os dois estivessem realmente ali. “Para mim, desde que ele morreu, todos os dias são finados.”


Quantidade de túmulos de jovens impressiona


Quem visita o cemitério Jardim da Saudade constata que grande parte dos túmulos é ocupada por jovens que morreram antes dos 30 anos de idade. A sepultadora da Acesf (Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina), Neide do Carmo Barbosa, há oito meses trabalhando no local, relata fazer em média cinco enterros por dia. “Infelizmente, alguns deles são de garotos que não passam dos 25 anos e a maioria vítima de morte violenta. “Fico muito triste e chocada com isso, mas não posso deixar a emoção transparecer”, diz ela que, em nome da profissão, faz o possível para conter seus sentimentos.


Segundo o coordenador do cemitério, Ideiede Pereira, apesar da grande quantidade de jovens enterrados no Jardim da Saudade, não se pode afirmar que são a maioria. “É bastante diversificado. Aqui também são enterradas pessoas de todas as idades,não temos um relatório que demonstre um número oficial sobre a quantidade de jovens.”

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